Em outubro, mês das missões, celebramos, em seus primeiros dias, a Semana da Vida e, no dia 08 de outubro, o Dia do Nascituro. Nunca se falou tanto em se defender a vida e nunca se agrediu tanto a vida, como aos nossos dias. Ao olhar o meio social, constatamos quanta violência, injustiça e exclusão; ao olhar o meio ambiente, não é diferente, presenciamos a destruição acelerada de nossas matas e rios, deparamo-nos com o consumismo desenfreado e com a exploração predatória dos bens naturais, levando, à exaustão, esses recursos.
Tudo isso nos faz questionar: estamos no rumo certo? Que presente estamos construindo e que futuro haveremos de legar às novas gerações? De fato, algo precisa ser feito, enquanto é tempo. À luz da fé, nosso compromisso deve ser em favor da vida, em todas as suas expressões e dimensões: a vida humana e também a vida do planeta, nossa casa comum. Tudo está interligado.
Jesus, nos atestam as Escrituras Sagradas, veio para que “todos tenham vida e vida em abundância” (Jo 10,10), ou seja, vida de verdade. Esse é o Projeto de Deus para a felicidade da criatura humana e a harmonia em toda a obra da criação. Nós somos cuidadores, em seu nome, para que a vida humana e do planeta possa florescer e dar frutos, como convém. Somos chamados a defender a vida humana, desde o instante de sua concepção até o seu término natural. Esse é o mandamento de Deus: “Não matarás”.
Essa verdade, assumida também pelo senso ético natural, nos leva a combater toda “cultura de morte”, impregnada na sociedade. Devemos ajudar mães e famílias a acolher os seus filhos e receber da sociedade condições de criá-los, como convém, assistidos, eficazmente por políticas públicas, tais como de emprego, saúde, educação, moradia, segurança... políticas governamentais, convenhamos, nem sempre bem assumidas, agravadas diante de uma sociedade violenta e excludente, que traz, muitas das vezes, um discurso de ódio e de aversão aos pobres.
Também temos que nos penitenciar: nem sempre bem nos organizamos como sociedade civil para melhor vencer os sinais de morte, tristemente presentes em nosso meio. Por vezes, somos omissos, em nossas comunidades cristãs. Nem sempre afeitos, no seguimento de Jesus, unindo fé e vida, em cuidar de nossos irmãos e irmãs, sobretudo ameaçados, contados como “massa sobrante” na sociedade. Falta-nos, igualmente, mais sensibilidade e corresponsabilidade em vista da sustentabilidade do planeta.
Cuidar da vida, essa é a nossa missão. Missão dos cristãos e de todos de boa vontade, em vista de tempos melhores, de um mundo mais inclusivo, que traga o sabor do Evangelho, com oportunidades para todos e que seja capaz de dialogar com toda a criação.
Parece um sonho, muitos vão dizer que isso é impossível, mas essa é a “Utopia do Reino”. A nós compete, no seguimento de Jesus, como discípulos missionários, nos colocar a serviço da vida e da esperança, como nos assevera o tema deste mês missionário: “Vós sereis minhas testemunhas” (At 1,8).
Então, mãos à obra!
Pe. Marcelo Moreira Santiago