Vivemos, em toda a Igreja, por convocação do Papa Francisco, um tempo de sinodalidade. De outubro de 2021 a outubro de 2023, em preparação ao próximo Sínodo da Igreja, somos chamados a refletir sobre a sinodalidade, ou seja, ao que marca o ser, o agir da igreja, no seguimento de Jesus Cristo e diante da missão comum de Evangelizar: chamados a “caminhar juntos”, em comunhão, participação e missão.
Nesse momento, foram ouvidas as comunidades paroquiais, em toda a Arquidiocese de Mariana. Processo que se estende em todo o Brasil, para uma síntese nacional, e depois, em nova etapa, nos continentes. Todo esse material será instrumento de trabalho em outubro de 2023, quando da realização do próximo Sínodo em Roma.
Trata-se de um grande apelo do Espírito Santo, através de sua Igreja, para escutar não só os fiéis que participam regularmente das missas e dos sacramentos, mas também os afastados, os de outras confissões cristãs e de outras religiões; ouvir os que não têm fé; ouvir as pessoas em suas muitas realidades e ocupações...
Em nossa Paróquia do Sagrado Coração de Jesus estamos realizando, nessa perspectiva, as assembleias comunitárias de pastoral. O desejo expresso é o de que nossas comunidades sejam sempre mais ministeriais, valorizando as vocações de serviço na Igreja; que elas se marquem pela comunhão e sejam ardorosas na evangelização e na missão.
Foi constituída também uma equipe paroquial, com as lideranças das comunidades, para orientarem esta escuta. Foi preparado um formulário trazendo as seguintes questões para serem respondidas: Que visão você tem da Igreja Católica? O que você espera da Igreja Católica para que ela melhor cumpra a sua missão de “Evangelizar”?
O resultado dessa escuta, em nossa família paroquial, nem precisa dizer, foi surpreendente e providencial. Muito agradeço pelas iniciativas desenvolvidas em nossa família paroquial.
Destaco aqui, num esforço de síntese, o que ouvimos de mais de trezentas respostas de pessoas e grupos:
Foi pedido que houvesse maior acolhida afetiva e efetiva em nossas comunidades e por seus agentes, sobretudo dos mais pobres, e que se deve atenção especial aos jovens e crianças, às famílias, idosos e enfermos e às pessoas portadoras de alguma deficiência. Que houvesse mais unidade e comunhão na preparação para os sacramentos e que se revisse, quanto possível, as exigências para o apadrinhamento.
Outra proposta é a de que o olhar eclesial se ampliasse para além das “paredes” da Igreja, assumindo uma postura missionária de “ir ao encontro das pessoas, dos afastados”, de ser Igreja “sal, fermento e luz” do mundo. Uma Igreja marcada pelo protagonismo dos leigos/as, mais presente na vida e nas lutas do povo, com padres menos autoritários, preocupados mais com a evangelização do que com a administração paroquial, mais próximos do povo, envolvidos diante das misérias humanas.
Houve quem mostrasse preocupação com as ações da Igreja no mundo, considerando que são necessárias e estão ao encontro com o evangelho no amor aos pobres, mas que houvesse atenção para evitar qualquer conotação político-partidária e ideológica.
Foi pedido também que houvesse mais diálogo “dentro da Igreja” e diálogo interreligioso, preservando a unidade e a comunhão; investimento na formação bíblica e pastoral e na melhor capacitação das lideranças; empenho por uma Igreja verdadeiramente ministerial, comprometida com a vida humana e a defesa do planeta; que houvesse maior investimento na religiosidade popular, como fonte de evangelização, e que não se esquecesse da missão pública da Igreja em vista do Reino de Deus.
Tudo isso, somado a outras experiências e proposições haverão de nos ajudar a dar passos firmes no seguimento de Jesus e na fidelidade ao seu evangelho. Para frente, viveremos, à luz do Espírito Santo, tempos de mais esperança, fidelidade e compromisso; tempos novos de ser Igreja viva, de caminhar juntos, de Evangelizar.
Pe. Marcelo Moreira Santiago