No ano em que celebramos 35 anos de Paróquia, somos exortados a viver, com frutos, nossa missão evangelizadora indo ao encontro. Ao encontro de quem? Essa é a pergunta. Ao encontro de todos, a começar dos mais necessitados e afastados.
De fato, cumprida a missão que o Pai lhe confiou, Jesus se elevou ao céu, confiando antes a seus discípulos, a continuidade de sua missão: “O que eu fiz, vão e façam ... Ide, fazei de todos meus discípulos (Mt 28,19-20). E para levar a bom termo essa missão, Ele nos concedeu, com o Pai, o Espírito Santo para nos fazer compreender tudo o que fez e ensinou e discernir, no tempo e na história, a vontade de Deus que deseja que todos tenham vida e vida em plenitude (Jo 10,10).
Somos, pelo Batismo, chamados a dar testemunho de Jesus e do Reino que Ele veio instaurar. Marcados por essa corresponsabilidade batismal, numa Igreja sinodal e ministerial, anunciar, com a palavra e a vida, até os confins do mundo, o amor de Deus que em seu Filho, nos liberta e salva e dando-nos vida nova, nos faz seus filhos e filhas e, desde já, herdeiros das promessas divinas, cidadãos do céu.
A fé exige de nós coerência ética, empenho no compromisso para com a vida plena, na defesa do ser humano e de sua dignidade, a partir do pequeno; no cuidado para com a vida do planeta, nossa casa comum, e em favor do bem comum, na perspectiva do Reino definitivo. Somos chamados, à luz da fé, a ser “Sal da terra e luz do mundo” (Mt 5,13-14); a exercitar a caridade e a misericórdia, tão próprios do coração de Deus; a trabalhar, com o sabor do Evangelho, por um mundo melhor que sinalize, entre nós, a presença do Reino de Deus.
As obras de misericórdia como dar de comer a quem tem fome; dar de beber a quem tem sede; vestir os nus; visitar os presos, socorrer os necessitados... são o nosso “vestibular ou enen” para ouvir, um dia, as palavras acolhedoras de Deus: “Vinde benditos para a casa do Pai” (Mt 25,31-46). Elas, no dizer do Papa Francisco, são as chaves do Reino de Deus. Isso nos faz compreender que o julgamento final será mais ético que religioso. Uma religiosidade que não se traduz em gestos bons, de amor ao próximo, de solicitude, de caridade e misericórdia, não é autêntica, pois revela, tristemente, um descompasso entre o amor a Deus e o amor ao próximo.
O mundo carece de amor, de partilha... As realidades de violência, injustiça, discriminação e marginalização campeiam... Não podemos fechar nosso coração e nossos olhos, nem nos fazer surdos a essas realidades desafiantes. “É pisando a realidade que a cabeça pensa e o coração ama”.
Precisamos trazer em nós os mesmos sentimentos do Coração de Jesus, atentos, como cristãos e cristãs, e a partir de nossos grupos eclesiais e comunidades, em assistir os necessitados, em promover a pessoa humana e em transformar as realidades injustas e violentas. Como diz o apóstolo Paulo “Não vos conformeis com este mundo” (Rm 12,2).
Talvez não sigamos nas estradas do mundo, com seus falsos valores e muitos desmandos, mas precisaremos alargar, sempre mais, as margens onde se encontram os pequeninos, os preferidos de Deus, para que tenham vida, vida de verdade, como é o querer de Deus para todos os seus filhos e filhas.
Com esse propósito, queremos celebrar, nesse mês, de modo especial, as festas em louvor ao Sagrado Coração de Jesus. Você faz parte desta história e dessa família, venha participar conosco, alimentando a espiritualidade do seguimento de Jesus, em seu amado coração, para ouvir d’Ele, de modo renovado, o envio para ir ao encontro dos irmãos e irmãs.
Pe. Marcelo Moreira Santiago