Com o tema "Sempre tereis pobres entre vós" (Mc 14,7), celebramos neste domingo, dia 14 de novembro, o V Dia Mundial dos Pobres. Esta data é uma iniciativa do Papa Francisco e tem por objetivo fazer-nos tomar consciência da nossa responsabilidade, enquanto cristãos e cristãs, enquanto Igreja que somos, no cuidado dos nossos irmãos, os pobres. Daqueles que, flagelados pelo descaso, pela indiferença e pela injustiça, vivem à margem da sociedade; espoliados de tantas formas e, muitas vezes, infelizmente, sem as condições mínimas de ter uma vida com dignidade. Irmãos pobres que estão presentes tanto nos grandes centros de nossas cidades, debaixo das pontes, nas ruas, nas favelas; mas também, muitas vezes (e se olharmos bem vamos perceber), no nosso bairro e na nossa rua. Ou seja, bem pertinho de nós. Irmãos pobres que, pela sua presença e realidade sofrida, sempre nos interpelam à pratica da caridade e a vermos neles a face misteriosa do Cristo pobre e sofredor. Irmãos pobres que nos provocam a unirmos, cada vez mais, a dimensão da fé em Deus com a dimensão do serviço e do amor aos irmãos.
Sabemos que os pobres são os preferidos de Deus! Em toda Sagrada Escritura, no Antigo e Novo Testamentos, os pobres sempre foram objeto da predileção de Deus. E Jesus ao encarnar-se na história dos homens, ao fazer-se um de nós, experimentou a pobreza. Nasceu pobre, teve uma família pobre, conviveu com os pobres e sempre provocou os grandes de seu tempo - os sacerdotes, doutores e mestres da Lei -, a esvaziarem-se de seus esquemas excludentes e a terem uma atenção à realidade existencial dos mais pobres. Basta ler com atenção os relatos dos Evangelhos que vamos nos deparar com um Jesus totalmente identificado à realidade dos pobres. Assim também deve ser o cristão, cada um de nós. Não podemos, em momento nenhum, sermos indiferentes à realidade dos pobres. Devemos sim, a partir da Palavra de Deus que orienta o nosso agir, "abrir as nossas mãos aos necessitados e estender nossas mãos aos pobres" (Pr 31, 20), num gesto de amor, de bondade e de partilha do nosso "eu" ao outro. E mais... vendo-os não como sendo meros objetos de nossa caridade, numa enorme distância entre eles e nós, mas como sendo, de fato, o que são: nossos irmãos e irmãs, membros da grande família humana e do Corpo Místico de Cristo que é a Igreja. O Papa Francisco assim se expressou na mensagem que escreveu para o Dia Mundial dos Pobres deste ano: "Jesus não só está ao lado dos pobres, mas partilha com eles a mesma sorte. Isto constitui também um forte ensinamento para os seus discípulos de todos os tempos". E acrescenta: "os pobres não são pessoas externas à comunidade, mas irmãos e irmãs cujo sofrimento se partilha, para abrandar o seu mal e a marginalização, a fim de lhes ser devolvida a dignidade perdida e garantida a necessária inclusão social".
Neste sentido, Dia Mundial dos Pobres, além de ser um dia de reflexão e de oração pelos pobres, leve-nos a assumir nossas responsabilidades em favor deles, as quais nascem do seguimento a Jesus Cristo. Que seja nosso o desejo do Papa: "que esta celebração possa radicar-se cada vez mais nas igrejas locais e abrir -se a um movimento de evangelização que, em primeira instância, encontre os pobres lá onde estão. Não podemos ficar à espera de que batam à nossa porta. É urgente ir ter com eles às suas casas, aos hospitais e casas de assistência, à estrada e aos cantos escuros onde, por vezes, se escondem, aos centros de refúgio e de acolhimento". E que tenhamos sempre mais gestos concretos que minimizem o sofrimento deles. Lembremo-nos sempre desta verdade: a caridade feita aos pobres jamais fica esquecida aos olhos de Deus! Ser indiferente aos pobres é ser indiferente ao Cristo! E como dizia São Vicente de Paulo, são eles, os pobres, que nos abrirão as portas do céu!
Paz e Bem!
Padre Edson Francisco dos Santos
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Graça - Arroio Grande
Arquidiocese de Pelotas - RS