Entramos na última semana do mês de setembro. Mês conhecido mundialmente como mês de prevenção ao suicídio. Nele fomos despertados para darmos uma atenção especial à Campanha de Prevenção ao Suicídio, denominada SETEMBRO AMARELO, organizada no Brasil, desde 2014, pelo Centro de Valorização da Vida (CVV), pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), e pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). Por meio dela, voltamos nossa atenção àqueles que sofrem com doenças psicológicas, motivando-os a pedirem ajuda, e aos que convivem com elas estarem atentos aos sinais de dor e sofrimento psicológicos que geralmente se manifestam. As estatísticas mostram que, no Brasil, são cerca de treze mil suicídios por ano; um milhão no mundo!!! Agir pode salvar vidas!!!
Mas por que essa cor? Não foi uma escolha aleatória, mas repleta de dor e esperança. De dor, porque no dia 8 de setembro de 1994, no Colorado, Estados Unidos, um jovem de apenas 17 anos tirou a própria vida com um tiro dentro de seu Ford Mustang amarelo, o qual comprou e trabalhou incansavelmente até reformá-lo. Tirou a própria vida, deixando um bilhete: “Mãe, Pai, não se culpem. Eu amo vocês! Com amor, Mike”. Segundo relatos, Mike era amado por seus amigos e familiares. Todos o viam como um garoto entusiasmado com a vida, engraçado e caridoso, e não foram capazes de ver o que ele realmente estava passando. Mas também de esperança, pois em seu sepultamento, amigos e familiares decidiram entregar vários cartões nos quais continham, dependuradas em cada um, uma fita amarela (por causa do Mustang de Mike), com uma mensagem simples: “Se precisar, peça ajuda”! Alguns dias depois, inúmeras pessoas de vários lugares ligaram para o número contido nos cartões, pedindo apoio e confessando seus medos e problemas. Iniciava-se, assim, o movimento que objetivava “mostrar que toda vida vale a pena”.
O primeiro movimento é o de vencermos o preconceito que muitas vezes agrava o quadro de sofrimento daqueles e daquelas que já se encontram desolados (as) emocionalmente. Inúmeras pessoas, por exemplo, veem o suicídio como um ato de decisão pessoal que diz respeito ao livre arbítrio de cada um. Pensar assim é um erro, uma vez que estudos têm indicado que essa decisão tem sido motivada por uma doença que altera e modifica, de forma radical, a percepção da realidade, interferindo no livre arbítrio. Outras acreditam que as pessoas que ameaçam se matar não farão isso porque só querem chamar a atenção. Não compreendem que as doenças mentais (psicológicas ou psiquiátricas) são reais, como a depressão, transtornos de personalidade e tantos outros, e devem ser tratadas adequadamente por profissionais capacitados. Outros ainda acreditam que a questão do suicídio é apenas um fator que deve ser tratado no âmbito privado e deve ser escondido o máximo possível, para não haver incentivo a tal prática. Pensar assim também é um outro erro, pois pesquisas apontam exatamente o contrário. Quanto mais as pessoas puderem conhecer suas condições psíquicas e psicológicas, mais poderão procurar ajuda capacitada, a fim de minorarem o sofrimento.
A prevenção ao suicídio deve ser vista como uma questão de Saúde Pública e assumida por todos. Todos devemos estar envolvidos e empenhados na causa de agir para salvar vidas. Estarmos atentos aos sinais que a pessoa pode nos dar em seu falar, seu agir e em suas reações emocionais, de forma a podermos encaminhá-la para profissionais que poderão ajudá-la. De acordo com a ABP – Associação Brasileira de Psiquiatria, todos podemos aumentar os fatores protetivos e diminuirmos os fatores de risco, como “aumentar contato com familiares e amigos; buscar e seguir tratamento adequado para doença mental; envolver-se em atividades religiosas ou espirituais; iniciar atividades prazerosas ou que tenham significado para a pessoa que se encontra doente; reduzir ou evitar o uso de álcool e outras drogas (...) tentar identificar o problema e buscar os diversos modos saudáveis e construtivos de enfrentá-lo, como trabalho voluntário e/ou hobbies”. O que não é aceitável é cruzar os braços e não se envolver, não agir, deixando, assim, que vidas humanas se percam por falta de acolhida e descuidado, ignorância ou preconceito.
Espiritualmente também podemos nos encorajar na força que vem do Espírito do Senhor Jesus e seu conselho de sermos mais espertos que os filhos deste mundo. Em certa ocasião, dialogando com seus discípulos, e afirmando-lhes uma hora que seria de desamparo, sofrimento e aflições os confortava: “Neste mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo: eu venci o mundo”! (Jo 16, 33) Faz parte de nossa condição experimentarmos, por vezes, constrangimentos, aflições diversas e sofrimentos, mas assim como a experiência que o próprio Jesus fez, de ter fé que não se está sozinho na aflição, esta deve ser a experiência que também fazemos. Afinal foi-nos dado o Espírito Santo que confirma em nós o bom ânimo, pois somente Deus sendo Bom, somente Deus nos ama com um amor que nos permite vencer-nos e o mundo de aflições!!!! Mantenhamos nossos olhares e corações fixos no Senhor. Ajudemo-nos uns aos outros no fraterno amor que herdamos do céu!!!! Não só em setembro, mas em todos os dias e meses do ano.
Diácono Robson Adriano