O mês de maio já quase findava e as expressões da fé mariana, durante todo o mês, haviam enchido nossos corações de santa alegria. Entre todas as devoções populares, as que procuram manifestar nosso amor, respeito e carinho para com a Mãe do Deus Filho, o nosso Senhor Jesus Cristo, considero as mais expressivas. Pois bem, Angélica chegou perto de mim, depois de um momento celebrativo de encerramento do mês mariano e foi logo me agradecendo: obrigada, Robson, por apresentar-me uma mãe tão terna e compreensiva. Estive prestes a deixar a fé cristã católica, mas percebi o quanto os braços de uma mãe são ainda mais fortes quando seus filhos correm perigo. Fiquei sem entender muito bem o agradecimento, bem como tudo que ela me disse. E percebendo minha dificuldade, ela foi se explicando.
Estava por um fio em relação a sair da igreja e buscar um rumo espiritual qualquer! Influenciada por inúmeros parentes que já haviam abandonado a Igreja Católica e enfraquecida na minha fé, estava quase completamente disposta a ir embora. Foi quando você fez uma visita pastoral lá em casa, no início do mês de maio, encorajando-me e à minha família a participarmos das devoções que se fariam à Virgem Maria durante o mês. No início, neguei interiormente, mas confesso – continuava ela – que uma palavra simples que me disse, ficou retumbando aqui dentro o dia todo, até que me convenceu, embora ainda desanimada, a participar daquele momento. A frase foi: “os braços de uma mãe são ainda mais fortes quando seus filhos correm perigo!”. Eu sou mãe, e sabia disso com toda a força de minhas lutas diárias. Sabia o quanto uma mãe tira forças para proteger e encaminhar os seus. Poderia esta mulher a quem chamamos, com razão, de “mãe espiritual”, valer-me em meu cansaço e quase descrença?
À noite lá estávamos nós, prestes a iniciar a devoção mariana com a oração do terço. Entretanto, antes de iniciarmos tal exercício piedoso, você fez uma breve apresentação da oração do terço e da devoção à Santíssima Virgem. Lembro-me bem. Estava meio acuada lá atrás, ressabiada, temendo ouvir o que não gostaria. E te ouvi falar: “existem pessoas que deixam para rezar o terço à noite, depois da lida. (Eu era uma delas!!!!!) Você continuou: – Aí tudo acontece assim: começam cansados, bocejando, mas vencem o primeiro mistério; gaguejam no segundo e, no terceiro... pronto, já estão dormindo!!” (Euzinha novamente). Pensei então: agora virá a bronca; a acusação de que temos pouca fé; de que somos irresponsáveis, vacilantes na oração blá, blá, blá. Mas então aconteceu como eu não esperava. Você continuou: “quando isso acontecer, gente, não se martirizem sendo demasiadamente exigentes consigo mesmos! Estamos diante de uma Mãe Clemente e Consoladora dos aflitos, de uma Mãe amável e Admirável e também Auxiliadora dos cristãos. Ela conhece nossas lutas e cansaço, pois está sempre atenta para não nos deixar faltar a alegria da fé. Quando isso acontecer, aprendam a dormir serenamente nos braços de uma tão terna mãe a fim de que quando acordarmos, “aqui ou lá” estejamos dispostos a fazer o que o seu Filho nos disser ou a viver para sempre em sua companhia”. Então eu me desarmei. Chorei. Tirei um peso das costas e decidi recomeçar. Também emocionado, recebi um abraço forte e cheio da Angélica que renovou sua fé, confiando na Mãe da Divina Graça, na Mãe do Bom Conselho.
Não há o que temer em nossa devoção à Maria, irmãos. Sabemos que o único desejo de seu materno coração é que cada um dos filhos de Deus aprendam a amá-lo, como convém, ou seja, fazendo tudo aquilo que seu Filho nos disser. Ela aceita os nossos rogos e homenagens, embora, acredito, que core um pouco de vergonha devido a sua grande humildade, mas aceita porque sabe e nos revela que é Rainha por causa do Rei, que é Senhora por causa do nosso Senhor, que é Bendita porque Bendito foi e é o fruto de seu ventre, que é Bem-aventurada, não por privilégio, mas por obra e graça Daquele que nos dispôs para a beatitude, para a santidade.
Não duvidemos: se de Eva herdamos nossa pecadora condição, de Maria, proclamada Ave pelo anjo, herdamos nossa redimida condição. Não sem razão cantamos no Ofício da Imaculada Conceição: “sois Mãe criadora dos mortais viventes!”. De Eva, o pecado! Da Ave-Maria, o Cristo, nossa remissão; nossa redenção! Quando Jesus no-la deu aos pés da cruz sabia que sua mãe haveria de conduzir para Deus todos os seus irmãos e irmãs conquistados ao preço da cruz. Como, então, não cantar: “ó surpresa de Deus, maravilha de Deus, preferida de Deus, alegria de Deus. Ó silêncio de Deus, arco-íris de Deus, ó sonho lindo de Deus, sacrário vivo de Deus!”. De fato, neste mundo, “um amor mais forte que tudo, mais obstinado que tudo, mais duradouro que tudo, é somente o amor de mãe!”. Por isso, deste maternal amor, não quis Deus nos privar... nem ao seu próprio Filho nascido do ventre desta mulher! Bendito e louvado seja Deus.
Diácono Robson Adriano