Vivemos o tempo da quaresma. Fazemos penitência, procuramos o sacramento da reconciliação, aprofundamos um pouco mais a reflexão da Palavra de Deus, esforçamo-nos para sermos mais pacientes, caridosos e humildes, vamos mais à missa, mas ainda é um grande desafio levar a Campanha da Fraternidade para fora dos ambientes de nossas igrejas, encontros e reuniões de pastorais e movimentos. Em algumas cidades de nossa diocese foi feita a apresentação da CF 2020 na Câmara dos Vereadores, escolas desenvolvem o tema conforme material apresentado, mas ainda é muito pouco e corremos o risco de passar mais uma campanha, cantando o hino nas celebrações, vias sacras e só. Na mídia católica e redes sociais mais informações são oferecidas, por outro lado ainda há tempo de se fazer algo mais. Se em cada rua de nossas comunidades, as famílias participarem dos grupos de reflexão, já será algo positivo, pois terão uma formação doméstica da Campanha da Fraternidade. Onde a palavra é partilhada nascem os frutos para uma vida nova e engajamento comunitário e social.
O objetivo geral procura tocar nossa consciência, “à luz da Palavra de Deus, para o sentido da vida como Dom e Compromisso, que se traduz em relações de mútuo cuidado entre as pessoas, na família, na comunidade, na sociedade e no planeta, nossa Casa Comum”. Superar a indiferença e a violência contra a vida humana e demais criaturas, pela compaixão, ternura e cuidado em todas as áreas, dimensões e ambientes. Vivenciar nas famílias o amor, diálogo, respeito e solidariedade. Contar com os jovens e incentivá-los na busca de um caminho novo, deixando de lado o comodismo, a alienação e ajudando-os a libertar-se das amarras e atrativos, que só aumentam o individualismo e consequentemente o sofrimento e a solidão, são alguns dos objetivos específicos.
Entre a bacia com água de Pilatos, símbolo da indiferença e da omissão, fiquemos com a bacia de Jesus, “no lava-pés, sinal de terno cuidado e compromisso para com o serviço” (texto base da CF nº 168).
Algumas iniciativas são apresentadas no texto base, principal instrumento de estudo para vivenciarmos melhor a CF 2020.
“Primeirar: ter iniciativa, ser mais ousados, ir além das tradicionais reuniões..., criando outros espaços e momentos que favoreçam a partilha de experiências de fé entre os membros da comunidade. Promover o diálogo ecumênico e inter-religioso...melhorar a presença pública da Igreja na sociedade...(nº 214)
Envolver: a vida, intercâmbio de ternura e cuidado, estabelecendo parcerias com a comunidade escolar local... e com organizações que cuidem da vida a partir dos mesmos valores do Reino de Deus. Fortalecer laços de vizinhança...e participar, junto com outros organismos da sociedade civil, das iniciativas voltadas para a ecologia integral. (nº 2015)
Acompanhar: fundamentados no Evangelho, celebrar missionariamente com as famílias enlutadas, a dor pela perda dos entes queridos. Potencializar o engajamento e incidência das lideranças nos espaços sociais e políticos de mobilização social, políticas públicas e controle social. (nº 216)
Frutificar: não perder a paz por causa do joio. Tornar as comunidades casa da amizade, da acolhida e do fraterno cuidado...e no âmbito da sociedade redescobrir a esperança, como força agregadora de sentido à vida com os leigos e leigas assumindo a participação social e política, sendo canais de diálogo em tempos de radicalizações. (nº 217)
Festejar: vida – dom a ser anunciado e compromisso a ser realizado, através da confraternização na ação evangelizadora, aniversários, passeios, prática de esportes etc. (nº 218).
Como colaboração social, acolher os pobres e fragilizados em espaços de solidariedade e misericórdia, escutá-los, dar voz efetivamente a eles...(nº219). Proteger: criar e fortalecer grupos de valorização da vida e prevenção ao suicídio (nº220). Promover: projetos com universidades e escolas, públicas e particulares para a promoção da cultura do encontro, centros de capacitação, escolas de Fé e Política. Assumir um compromisso radical com a justiça e a solidariedade, eliminar todo tipo de exclusão, respeitar a vida das diversas culturas e diferentes etnias e ampliar as lutas para a conquista de direitos (nº 221). Integrar: incentivar a consciência da dignidade do ser humano e a importância da justiça restaurativa em todos os âmbitos, principalmente no âmbito carcerário. Ações concretas em vista da ecologia integral, considerando a Laudato Si e as conclusões do Sínodo Pan-Amazônico (222).”
No gesto concreto, participemos com generosidade da coleta da solidariedade, no dia 05 de abril, Domingo de Ramos, em todas as comunidades cristãs, paróquias e dioceses.
Pe Geraldo Barbosa