Celebramos, ao começo de novembro, o “Dia de Finados”, comemoração dos fieis defuntos. Recordamo-nos, nesse dia, daqueles que não esquecemos todo dia, ou seja, de nossos familiares e amigos, gente que conviveu conosco, a um tempo, e que hoje estão diante de Deus, dos quais guardamos muitas recordações e grande saudade.
Fazemos memória dos que nos precederam nesse encontro definitivo com o Senhor. Viemos de Deus e a Ele haveremos de voltar. Não temos aqui morada permanente, estamos de passagem, em grande romaria rumo à Jerusalém celeste.
De fato, pelo Batismo nos tornamos filhos e filhas, no Filho que é Jesus Cristo. Recebemos, por iniciativa divina, vida nova e salvação. Fomos libertos, no gesto redentor de Jesus, de sua imolação em cruz e de sua ressurreição, das escravidões da morte e do pecado. Desde já, nos tornamos cidadãos dos céus.
Esta é a esperança cristã que norteia a vida. O Cristo ressuscitado, centralidade de nossa fé, é certeza de nossa ressurreição definitiva, de nossa vitória sobre a morte e sobre o pecado. O amor de Deus, em sua compaixão e misericórdia pela criatura humana, se estende a todos nós. A vontade de Deus é a de que ninguém se perca, mas que todos se salvem (2Pd 3,9); o querer de Deus é a vida plena, em abundância, para todos os seus filhos e filhas (Jo 10,10).
Assim, não celebramos a morte, mas a vida. A vida que Deus concedeu a nossos irmãos/as, vivida nesse mundo, e agora, colhidos pela morte, levados nos ombros do Bom Pastor, a vida que Deus lhes concede, junto a Ele, em bom lugar, na glória dos céus.
O céu é a nossa morada, a nossa casa definitiva. Para lá, caminhamos pressurosos, empenhados em viver, desde já, a comunhão com Deus, para que um dia ela seja de plenitude e eternidade nos céus, com seus santos e anjos.
Devemos gostar da vida e, nós cristãos, de modo especial, através dela, fazer dela um dom a serviço, fazer sempre o bem, imitando, no seguimento e no discipulado missionário, a Jesus, Mestre e Senhor. Ele passou por esse mundo fazendo o bem (Mc 7,37). A meta é grandiosa, seguir no caminho que leva à vida, à perfeição: “Sejam santos como vosso Pai do céu é santo” (Mt 5,48).
Em nossas orações e cumprindo a obra de misericórdia de sepultar os mortos, fazemos por eles, aquilo que outros, um dia, vão fazer por nós. A recordação saudosa, por vezes, chorosa, não deve traduzir uma dor de desespero, mas de esperança cristã. A vida venceu a morte. Ele, nosso Deus, é o Senhor da vida e da história.
A Ele, nos seus desígnios insoldáveis, toda glória, honra e louvor, na certeza de que sua ternura e misericórdia abraçam toda criatura. Bendito seja o Senhor, nosso Deus.
Que as almas dos fieis defuntos, pela misericórdia de Deus, descansem em paz. Amém.
Pe. Marcelo Moreira Santiago