“ Sejam alegres na esperança, pacientes na tribulação e perseverantes na oração. ” (Rm 12,12)
É da natureza dos seres vivos cuidar. Mas nunca essa prática foi tão necessária como agora, em tempos de pandemia. Para atender aos apelos de distanciamento social, muitos de nós ficamos em casa, cuidando dos outros e de nós mesmos, enquanto assistíamos atônitos a eventos catastróficos que concorrem com a Covid-19, em condições de igualdade, ceifando vidas e levando desespero para muitas famílias. Em muitos países, no Brasil principalmente, essa pandemia revelou uma realidade por muitos ignorada – as diferenças sociais absurdas que condenam os mais pobres a condições indignas de sobrevivência. Não por acaso, dentre os milhares de mortos pela Covid-19, a maioria é de pessoas pobres. Moradores de comunidades, desempregados, indígenas, encarcerados, populações em situação de rua são os mais afetados e os que, certamente, já estão condenados à morte por antecipação.
É claro que essa realidade trágica é resultado da falta de cuidado dos governos atuais e anteriores com as populações mais vulneráveis. Mas como não adianta chorar sobre o leite derramado, o importante é viver o presente e preparar um futuro melhor e diferente.
As notícias sobre a produção de vacinas contra a Covid não são muito animadoras, mas não podemos perder a esperança. Acredito que todos já sabemos como nos proteger desse vírus, cabe a cada um cuidar de si, do outro e do ambiente, na medida do possível. Nesse cenário, portanto, o cuidado é essencial. Cuidado num sentido mais amplo, de olhar para o outro com empatia, tentando se colocar realmente na sua pele e se movendo para ajudá-lo de alguma forma. Às vezes, não podemos fazer muita coisa para mudar uma realidade, mas pequenos gestos já contribuem para que nossas atitudes tenham resultados. No entanto, nenhum cuidado é suficiente, se não tivermos o autocuidado espiritual. Se não alimentarmos nossa fé e nossa esperança, poderemos ter o corpo são e o espírito fraco, vulnerável às influências do mal. Agora, mais do que nunca, precisamos rezar pedindo que Deus aumente a nossa fé, revigore nossas forças para vencermos as tribulações que a vida nos apresenta. A falta de cuidado com o ser humano e com a casa comum – o nosso planeta – traz consequências sérias e duradouras, por isso precisamos estar fortalecidos para não perdemos o ânimo na caminhada. Ao contrário, devemos fazer das tribulações oportunidades para a nossa santificação. Fico pensando nas centenas de santos e santas que estão nesse exato momento cruzando os corredores de hospitais, resgatando vítimas de tragédias, combatendo o fogo, alimentando famintos, acolhendo os pobres ou simplesmente fazendo uma oração por nós.
Devemos passar pelo sofrimento com os olhos fixos na Cruz de Jesus, nosso Redentor. Feliz aquele que tem fé em Deus, pois sua esperança não é vã!
Vera Rocha