O (NECESSÁRIO) PROTAGONISMO DOS JOVENS NA IGREJA
Em sua Exortação Apostólica Christus Viviti (Cristo Vive), aos jovens e a todo o povo de Deus, de março de 2019, o Papa Francisco conclui expressando um desejo: "Queridos jovens, ficarei feliz vendo-vos correr mais rápido do que os lentos e medrosos. Correi 'atraídos por aquele Rosto tão amado, que adoramos na sagrada Eucaristia e reconhecemos na carne do irmão que sofre. O Espírito Santo vos impulsione nesta corrida para a frente. A Igreja precisa do vosso ímpeto, das vossas intuições, da vossa fé. Nós temos necessidade disto! E quando chegardes aonde nós ainda não chegamos, tende a paciência de esperar por nós" (Christus Viviti, nº299). O desejo do Papa Francisco é também um desejo (urgente) de toda a Igreja espalhada pelo mundo!
Em consonância, a Arquidiocese de Mariana tem como uma das prioridades pastorais para o ano de 2019 assumir a juventude (além da pobreza), como pano central das (e nas) atividades desenvolvidas por esta Igreja particular, visando inserir os jovens, de forma plena e amorosa, na vivência pastoral em suas diversas vertentes.
O desejo por uma Igreja mais jovem, constituída por jovens, de idade e de coração, é justo e se baseia na pessoa de Jesus, que jovem, se doou até as últimas consequências, ensinando-nos a SER Igreja! Contudo o jovem não pode ser visto como o protagonista único e isolado no processo de ser Igreja, mas sim, como sujeito que se coloca ativamente atuante na comunidade para formar uma Igreja viva.
A inserção dos jovens nas atividades pastorais por vezes não é fácil e não raro se percebe a carência da presença deles no cerne da Igreja! Essa realidade talvez seja o retrato da organização social que vigora atualmente em todo o mundo, na qual a vida pautada pelo imediatismo, o ter e o poder, a falta de humanidade, parecem ditar as regras do jogo. A família, Igreja doméstica, está doente, necessitada de Cristo, e quando as raízes não estão fixas os frutos podem sofrer com a falta de alimento!
Quando a família vai mal, a Igreja não pode estar plena em sua estrutura. Nesse cenário, surge a bela esperança dos jovens já engajados na vida da Igreja. Junto às comunidades, pastorais e movimentos, eles necessitam assumir uma postura de liderança que estimule outros jovens a aderirem às atividades dentro da Igreja e na sociedade, abraçando a ideia de discípulos missionários dispostos a contribuir para uma Igreja em saída, que almeja levar aos jovens a alegria do Evangelho!
No mundo de hoje, uma estratégia lógica para estabelecer contato com a juventude é a utilização da tecnologia! As redes sociais são a linguagem mais praticada pelos jovens (e boa parte do mundo) em sua maioria. A comunicação está cada vez mais rápida, as fronteiras parecem quase não existir e a vida conectada é a realidade em que vivemos.
Em contra partida, o mal uso de toda essa tecnologia, contribui bastante para os problemas que assolam nossos jovens, como o isolamento, a tristeza, a falta de afeto, a interatividade, a depressão! Os altos índices de suicídio assustam e ferem profundamente a qualquer um que se preocupa com o próximo. Daí a importante e oportuna chance de estabelecer uma comunicação saudável com a juventude através das redes sociais. A conectividade que eles tanto procuram pode ser uma forma de exortá-los a se conectarem mais com Deus.
É importante somar as novidades do mundo atual com a tradição da Igreja, para que o jovem possa se reconhecer membro Dela. Os jovens que já estão na caminhada de fé são muito importantes para estabelecer essa ponte entre as comunidades e os jovens que, por diferentes motivos, se veem alheios à Igreja, ou mesmo não compreendem sua linguagem.
O diálogo entre a juventude e as pessoas mais experientes também se faz importante para uma caminhada sadia da Igreja, como nos recorda o Papa Francisco: "Não é bom cair no culto da juventude, nem numa postura juvenil que despreze os outros pelos seus anos ou porque são doutro tempo. Jesus dizia que a pessoa sábia é capaz de tirar do seu tesouro coisas novas e velhas (cf. Mt 13, 52). Um jovem sábio abre-se ao futuro, mas permanece capaz de valorizar algo da experiência dos outros" (Christus Viviti, nº16).
Além de conflitos familiares e o mau uso da tecnologia, as drogas, a violência e tantos outros problemas são perigos reais que constantemente assombram nossa juventude. Uma vida fortalecida na fé é muito importante para a superação das mazelas que assolam a sociedade. O jovem é a força viva e esperançosa que atua na Igreja a exemplo de Jesus, com o amor do Pai e inspirada pelo Espírito Santo. Por isso é importante oferecer um olhar carinhoso à juventude que, por sua essência é plural, diversificada. Cada jovem necessita encontrar o seu lugar na Igreja (na Liturgia, na Catequese, no canto, na ação social, dentre outros), e ser lá um protagonista, sujeito eclesial ativo, que estimule outros jovens, de idade e de coração, a seguir com a missão deixada por Jesus.
São João Paulo II ensina que "A Igreja só será jovem, quando o jovem for Igreja!", e esse momento é agora! Não podemos esperar que o jovem seja o futuro da Igreja se ele não faz parte do presente. Logo, o protagonismo dos jovens se faz necessário hoje, um protagonismo como o de Maria, que soube dar seu SIM em plenitude e, sendo jovem, se colocou em tudo a serviço do Reino de Deus.
"CRISTO VIVE: é Ele a nossa esperança e a mais bela juventude deste mundo! Tudo o que toca torna-se jovem, fica novo, enche-se de vida. (...) Ele vive e quer-te vivo!" (Christus Viviti, nº01). As palavras que iniciam a Exortação Apostólica Cristo Vive, do Papa Francisco, terminam este artigo, recordando que Jesus é o centro de toda a vida da Igreja, Dele partimos e para Ele voltamos; é a juventude eterna que nos permite viver a esperança de protagonizar juntos uma vida nova em Cristo Jesus!
Rosany Sena
(Coordenadora Paroquial de Liturgia... e Jovem)