Já se passaram sessenta dias em que os primeiros casos do coronavírus começaram a se manifestar no Brasil. Na arquidiocese de Mariana, a partir de 17/3, as missas começaram a ser celebradas on line. As Igrejas seguem as determinações da Organização Mundial de Saúde. A vida em primeiro lugar. A economia não pode continuar servindo ao mercado devorador. Governadores e prefeitos assumem as responsabilidades em seus territórios. Um presidente, em suas falas e ações, como a de troca de ministros a seu bel prazer, recebe adjetivos de louco, destemperado, inconsequente, idiota e tantos outros, que não cabe aqui registrar. Prefiro denominá-lo “estrategista”. Um homem, que passa de uma inexpressiva cadeira parlamentar do chamado “baixo clero” ao maior cargo executivo do país. Filhos, defendidos de “unhas, dentes e armas” com milícias, acobertadas pelos poderes legítimos, por trás dos crimes de corrução, lavagem de dinheiro e assassinatos. Quem foi (ram) o(s) mandante(s) da morte de Marielle...? Ele é todo poderoso assim, um mito, que quer segurar-se no poder até 2027 e carrega, no mínimo, trinta milhões de votos? Vejo que é apenas mais uma pecinha que tenta representar uma peça nas artimanhas do sistema neoliberal, que descarta, mata, destrói e elimina tudo o que é obstáculo à corrida desenfreada do lucro sem limites.
Os cristãos, homens e mulheres de bem, independentemente de sua crença, os que se dizem ateus e têm senso de justiça e solidariedade se unem contra este inimigo invisível. Mas tudo será em vão, depois que passar a epidemia, se não houver a mudança interior, pessoal e as coisas ficarem na mesma ou piorarem. Pessoalmente, como me sinto agora? Estressado por ficar em casa? Deprimido e sem forças por não trabalhar? Os que estão na ativa, sejam profissionais da saúde, ou quaisquer outros, autônomos e liberais, como têm se portado? Muitos foram contaminados, milhares são vítimas. O Papa Francisco, na missa celebrada na capela de Santa Marta, no dia em que os líderes religiosos e pessoas de todo o mundo se uniram para fazer jejum, oração e invocação pela humanidade (14/05/2020), destacava outra epidemia, a da fome, que nos quatro primeiros meses de 2020, já ceifou a vida de mais de três milhões e setecentas mil pessoas no mundo.
Os trabalhadores (as), que mantêm seus empregos, vivem a insegurança, os desempregados contentam-se com serviços informais e com o que aparece. Os(As) professores(as), de um modo geral, estão apreensivos e os demais, que dependem da renda da família e estão conscientes desta realidade, procuram se virar como podem. E as outras categorias de pessoas: idosos, adultos, jovens e crianças de baixa renda, principalmente, abaixo da linha de pobreza são as mais vulneráveis para contrair a covid 19 e outras enfermidades, até chegar a óbito. Aí o número de vítimas, no Brasil, “subindo a curva” vai triplicar em poucos dias.
Não esperemos passar a epidemia para sermos melhores e encontrar os caminhos para a superação da crise. Não basta rezar para encontrar a vacina. Este tempo cronológico precisa ser transformado em tempo da graça de Deus para revermos nossa vida pessoal, familiar, eclesial e social.
Pe Geraldo Barbosa