Estamos acompanhando com apreensão e dor os muitos conflitos armados em vários cantos do mundo. Evoluímos no domínio das tecnologias, nas descobertas científicas, mas não tanto nas relações humanas, sobretudo na solução de conflitos entre povos, etnias e nações.
A experiência, no passado, de tantas guerras parece não trazer, para os nossos tempos, a constatação lúcida de que numa guerra não há vencedores e vencidos, mas todos, em verdade, derrotados. Vidas são ceifadas, famílias destruídas, cidades arrasadas, reina um caos humano-social, de proporções imensuráveis.
Passados os conflitos, eles serão não apenas registrados, tristemente, nos anais da história, mas se farão sentir, diretamente, nos seus efeitos de barbárie, nas gerações seguintes, com um lastro de perdas humanas e familiares, de consequências imprevisíveis, além das dificuldades inerentes, de ordem econômica e social, no processo de reconstrução, em alavancar o desenvolvimento integral desses povos.
Tudo isso para quê? Para dominar, estrategicamente, regiões do planeta? Para subjugar outros povos? Para defesa própria da segurança do país? Para destilar ódio aos povos entendidos como inimigos, não aliados? Para responder a um ataque... As motivações são várias, mas incapazes de justificar a guerra.
Como entender, depois de tanto progresso alcançado, a matança cruel de crianças, jovens, mulheres e homens – vidas inocentes que pagam o salário da morte, justamente por estarem em áreas de conflito. Como justificar a destruição maciça de moradias e de espaços públicos, erguidos com dificuldade para atendimento ao povo, para oferecer-lhes condições mais justas de vida.
O mundo carece de paz e precisa, urgentemente, buscar caminhos mais eficazes de propugnar, com ações concretas, uma cultura da não-violência, capaz de suplantar os conflitos bélicos e de abrir horizontes para tempos novos de mais justiça, paz e esperança; de mais harmonia e concórdia entre as pessoas e, especialmente, entre os povos e nações.
Precisamos buscar alternativas, sobretudo pelo viés diplomático, para superar as diferenças e animosidades entre as nações e trabalhar o que o Papa Francisco fala a respeito da amizade social: de povos e etnias que guardam a sua identidade, mas chamados a uma convivência fraterna, pensando o bem da humanidade e da vida do planeta. Esta é a verdadeira política, a melhor política colocada a serviço da vida e da esperança, em vista de um mundo bonito e para uma humanidade feliz.
Rezemos, nesses tempos, pelos que nos governam, para que o façam com bom discernimento, promovendo a justiça e a paz, atentos às necessidades dos mais pobres e excluídos. Empenhemos o melhor de nossas forças, à luz da fé e da cidadania, para vencermos os conflitos diários, empunhando a bandeira da paz.
A guerra não está longe, ela acontece todo dia diante de nossos olhos. Acontece em situações como em conflitos familiares e com vizinhos e nas injustiças e violências em sociedade... Ela se faz presente em uma sociedade que opta pelo descaso para com a vida humana, preferindo estender a mão para “bater” em vez de estendê-la para levantar os “caídos” e manifestar a solidariedade de irmãos e irmãs.
Em tempos complexos e plurais, o remédio que cura e liberta e abre caminhos de uma humanidade nova, é amar e servir, como nos ensina Jesus. Sejamos a diferença: um sim a paz!
Pe. Marcelo Moreira Santiago