A fé que celebramos e professamos e que também nos esforçamos para testemunhar, frutificando em boas obras, não é feita só de grandes momentos, inclusive das festas litúrgicas da Igreja, mas, é alimentada, sobretudo, no cotidiano da vida.
Como a Sagrada Família, em Nazaré, vivendo os seus afazeres diários, sem maiores indicações nas Escrituras Sagradas, assim acontece conosco. É no cotidiano da vida, sem grande alarde, que somos chamados a viver o discipulado missionário, atentos aos sinais e apelos de Deus para a nossa vida e missão.
Ao viver o tempo comum, na liturgia da Igreja, somos chamados a seguir Jesus Cristo, no dia-a-dia, alimentando-nos de sua Palavra e da vida orante e sacramental, para crescemos no caminho da santidade, tornando nossa vida, sempre mais, agradável ao Senhor.
A santidade propriamente dita não está, antes de tudo, em fazer grandes coisas, mas em viver extraordinariamente bem a nossa vida, no amor filial a Deus e no amor fraterno de irmãos e irmãs. Viver como Deus é servido, cumprindo, com frutos, as obras de misericórdia e as bem-aventuranças, educando-nos na virtude, trazendo em nós os mesmos sentimentos do Coração de nosso Deus e Senhor, Jesus Cristo.
Numa realidade que cada vez mais nos desafia, sobretudo em tempos de pandemia da covid-19, somos exortados, à luz da fé, a nos comprometer com a mística do cuidado, a partir da vida ameaçada.
Como diz o apóstolo Paulo, se não tivermos amor, de nada valerá todo poder, bens e ciência deste mundo (1Cor 13,1-13). O Amor é o distintivo da vida cristã, nosso “DNA” espiritual, a nos identificar com Jesus e seu projeto de Vida e salvação. Quem permanece no amor, permanece em Deus e Deus permanece nele (1Jo 4,16).
Não podemos esconder os dons, talentos, carismas, quais dádivas divinas, ou usá-los tão só para proveito próprio. A caridade de Cristo nos impele a amar e servir, compreendendo que a vida que Ele nos concede não é só para nós, mas para fazer o bem, sobretudo àqueles que Deus coloca próximos a nós, em família, na comunidade e na sociedade.
Num mundo de necessidades e de necessitados, saibamos ser bons e fazer o bem, a começar dos pequenos, pobres, fragilizados e necessitados. Somos os “pés e braços” de Jesus a prolongar o seu amor, a sua misericórdia e a sua solicitude em favor da humanidade e do mundo, em vista do seu Reino definitivo.
Renovemos, então, os propósitos da vida cristã. Empenhemo-nos em fazer a diferença, assumindo, no cotidiano da vida, no amor, a fé recebida no batismo, sinal luminoso de quem deseja, em tudo, fazer a vontade de Deus. Caminhemos com Jesus.
Pe. Marcelo Moreira Santiago