Neste dia retornamos à cena do anúncio do Anjo à Maria, anúncio feliz, diferenciado quanto ao anúncio de ontem.
Zacarias um homem velho, maduro, conhecedor do poder de Deus, homem ligado ao Templo e às suas funções. É ele mesmo, Zacarias, o símbolo presumido da confiança e da esperança em Deus já que “suas preces foram ouvidas”. No entanto seu comportamento final apresentou-se em forma de uma certa desconfiança – como terei certeza disso? –, e o silêncio imposto, torna-se contemplativo dos fatos, contudo, a resposta de Deus às preces de Isabel e Zacarias não é revogada. Ele permanece fiel, mais que sua resposta às preces, Deus mesmo transforma essa resposta em alegria para todos.
Maria, mulher jovem, simples, prometida em casamento, recolhida à obediência estrutural de sua época, sublima todos os ditames sociais para obedecer a Deus e acolher a proposta do Altíssimo: ser a mãe do Senhor! Maria não duvida, mas precisa compreender como isso acontecerá, tendo em vista que sua pureza e dignidade não estão ligadas a uma mera questão fisiológica, mas liga-se à inteireza de sua conduta e sinceridade, totalmente voltadas para Deus e seu compromisso com José.
Zacarias no Templo exercendo suas funções religiosas [e civis] levado em boa conta diante do povo que pasmara pela demora do velho Zacarias em oferecer o incenso no templo. Maria, provavelmente em sua casa no esquecido e difamado povoado de Nazaré, oferecendo sua vida ao Senhor nos afazeres domésticos, na obediência aos pais, contemplando sua fé no silêncio da vida, totalmente voltada ao Senhor, fazendo de sua história um incenso agradável a Deus a tal ponto de beleza e ternura que encontra graça diante DELE.
Zacarias e Isabel geram o precursor.
Maria gera Jesus o Cordeiro, o Salvador, Deus conosco.
Assim, percebemos que o profeta Isaías não fala apenas do cumprimento da promessa de Deus de que nos seria dado Aquele cujo cetro não será tirado, nem o bastão de comando será tirado dentre seus pés, a quem pertencem [realeza, poder e divindade], e a quem os povos obedecerão. O profeta quer nos dizer mais, quer dizer que através do sim desta jovem, o Fruto bendito e reinante seria o próprio Deus, o Senhor mesmo fez de Si o sinal para todos os povos e nações em Jesus Cristo, seu Filho.
O silêncio punitivo de Zacarias contrasta com a eloquência de Maria em seu sim irrevogável: eis aqui a serva do Senhor, faça-se, cumpra-se, tudo, conforme o querer benevolente de nosso Adonai. O querer de Deus coincide com o sim de Maria. O sim de Maria torna-se vida e Deus é conosco. O céu está no ventre de Maria. O Redentor no ventre da remida. Ó quão grande mistério. Ó quão grande dádiva.
Maranatha... vem Senhor, vem ser conosco!
Pe. Jean Lúcio de Souza