“Vinde benditos de meu Pai”
Lv 19,1-2.11-18; Sl 18; Mt 25,31-46.
1. Preparo para me colocar na presença de Deus e para ouvir o que Ele tem a me dizer:
- Faça silêncio, por alguns instantes, aquiete o seu coração.
• Prepare-se para entrar em oração, entregue as suas preocupações ao Senhor. Volte o seu olhar para a sua interioridade, onde a Santíssima Trindade habita. Coloque-se, confiante, em suas mãos.
• Peça a graça desta semana. Invoque o Espírito Santo, pedindo que Ele lhe conceda suas luzes e dons.
• Leia, atentamente, os textos da sagrada Escritura, propostos para esse dia. Tome a sua Bíblia ou o livro da Liturgia da Palavra, vai se educando para, em todos os dias, refletir a Palavra de Deus... Coloque-se nas cenas dos textos bíblicos de hoje, saboreando essa Palavra de vida e salvação... procure se deter no que mais lhe chamou atenção.
2. Medito, nesse momento, a Palavra de Deus: O que ela diz para mim?
- O Evangelho proposto para nossa reflexão hoje nos coloca no coração do tema da Campanha da Fraternidade de 2024: “fraternidade e amizade social”. O texto nos coloca diante de um julgamento surpreendente.
• De fato, se lermos os Evangelhos, atentamente, vamos perceber que Jesus vive voltado para aqueles necessitados de ajuda. Ele se identifica com os mais desvalidos, indefesos e pequenos e faz por eles o que pode.
• Nenhum sofrimento lhe é alheio.
- Para Jesus, a compaixão é o primordial: “Sede misericordiosos e compassivos, como vosso Pai é misericordioso e compassivo” (Lc 6,36).
• Como então nos surpreendermos de que, no Juízo Final, Jesus se apresente identificado com todos os pobres e “desgraçados” da história... “Foi a mim que o fizestes” (Mt 25,40).
• As obras de misericórdia são a chave do Reino dos céus (Papa Francisco).
- Segundo o relato de Mateus “todas as nações” comparecem diante do Filho do Homem, ou seja, diante de Jesus, o compassivo.
• No texto do Evangelho não se faz nenhuma distinção entre cristãos e não cristãos, entre “povo eleito” e “povos pagãos”. Nada se diz sobre diferenças de religiões e cultos.
• Fala-se de algo muito humano, que todos entendem e podem realizar para alcançar a salvação. Uma pergunta que não quer calar: o que fizemos com os que viveram sofrendo junto de nós?
- O que o evangelista São Mateus destaca é um duplo diálogo que lança uma luz imensa sobre o nosso presente e nos abre os olhos para ver que, em última análise, há duas maneiras de agir diante dos que sofrem: compadecermo-nos e ajudá-los ou fazermo-nos de desentendidos e abandoná-los.
• Aqueles que se aproximam deles, de fato, aproximaram-se de Jesus e estarão com Ele no Reino: “Vinde, benditos de meu Pai”.
• Por outro lado, aqueles que se afastaram dos sofredores, afastaram-se de Jesus e, é lógico, que agora lhes diga: “afastai-vos de mim”...
- O que vai decidir a nossa sorte final não é a religião na qual vivemos. Ela, como sacramento da salvação, nos ajuda a fazer a vontade do Pai. O decisivo é viver com compaixão, ajudando a quem sofre e necessita de nossa ajuda.
• Trata-se aqui de um amor concreto, um aproximar-se, um ajudar, um “fazer o bem” ao que precisa, ao que está sofrendo.
• Faço a você a mesma pergunta que me faço, regularmente: Marcelo, seja sincero, do jeito que você está vivendo, você passa ou não nesse vestibular, nesse Enem?
- Amplie sua reflexão diante dessa Palavra, questione-se: O que estou aprendendo com Jesus, e sobretudo hoje, sobre o mistério da vida? Que iluminações e apelos estão brotando para que eu seja, verdadeiramente, um discípulo mais comprometido com os sofredores?
3. Reze à luz dessa Palavra:
- Reza, confiante, pedindo a Deus, diante do mandato de agir com caridade e misericórdia, como ouvimos do Evangelho hoje, amando-o nos pequenos, pobres e necessitados, também lhe conceda, iluminando-o com seu Santo Espírito, a graça de cumprir, com frutos, esse mandato, como convém.
Oração
Senhor Jesus,
dá-me a dimensão divina da tua caridade.
Quero ajudar-Te, ajudando todos os irmãos e irmãs mais necessitados de bens materiais, de atenção, de conforto e de compreensão.
Tu disseste: “O que fizestes a um destes pequeninos, foi a Mim que o fizestes”.
Dá-me discernimento, coragem e perseverança para percorrer o mesmo caminho, certo de que,
na atenção generosa para com todos os empobrecidos e necessitados,
começo, desde já, a viver em Ti, a viver a vida eterna,
que prometestes a todos que creem e fazem a tua vontade, a partir dos pequenos,
os preferidos do teu coração, pleno de amor e misericórdia.
Amém.
4. Da contemplação para a ação:
- O tempo da Quaresma é propício para se viver as obras de misericórdia.
- Como o sofrimento é muito grande e diversificado, temos inúmeras oportunidades de ser compassivos. Você não tem desculpa para não fazer o bem, para dizer que não sabia e que não encontrou pessoas ou reuniu condições de ajudar a quem estava precisando:
• Há sofrimentos oriundos da pobreza, da miséria, da carência do mínimo para levar uma vida com dignidade;
• Há sofrimentos devido a doenças, debilidades físicas, acidentes inesperados;
• Há sofrimentos pela discriminação racial ou de gênero (sobretudo em relação à mulher);
• Há sofrimentos pela falta de cultura, porque as pessoas não tiveram oportunidades de estudar;
• Há sofrimentos de ordem psicológica: traumas de infância, ansiedades, depressões, crises de pânico, medos doentios...;
• Há ainda sofrimentos de ordem espiritual: falta de fé, de sentido para a vida, sentimentos destrutivos de culpa que podem levar ao desespero e ao suicídio;
• Há sofrimento pelo fracasso e insucessos de tantos sonhos que tivemos na vida e que não se realizaram...
- É imensa a dor e o sofrimento da humanidade e ninguém escapa de experimentá-lo e numa ou outra etapa da vida.
- Esperemos que nesses momentos alguém tenha compaixão de nós e nos ajude e que o Senhor nos dê a graça de, desde já, termos um coração compassivo diante do sofrimento e da dor de tantas pessoas que cruzam nosso caminho na vida.
• Sejamos amigos e próximos dos que muito sofrem: “Fraternidade e amizade social”.
• "Em verdade vos digo: todas as vezes que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a Mim que o fizestes" (Mt 25,40).
Pe. Marcelo Moreira Santiago