O homem coxo de nascença da primeira leitura se aproxima de Pedro e João como se aproxima de qualquer um, sem divisar nos dois os Apóstolos de Jesus. Como faz com qualquer outro, pede algo que socorra sua pobreza e lhe sirva para estancar a fome. Pelo relato, vemos que o coxo não olha para os Apóstolos, tão acostumado está a ser tratado não com dignidade, mas ser posto entre a escória e imerecedor de tratamento mais digno. O primeiro gesto de Pedro e João foi olhar bem para o coxo. Esse olhar bem, significa ver a dor do outro a partir de sua situação; compreender o quanto aquele coxo não era nem respeitado e muito menos amado. Olhe para nós, pediram Pedro e João. Os olhos do coxo podiam agora ver ao Apóstolos, mas acostumado a ser tratado como um indigente, esperava ainda dinheiro ou pão. Contrariando a expectativa do coxo, Pedro anuncia que na ordem do material nada ele tinha para lhe oferecer, mas tudo tinha na ordem do espiritual e foi logo, em nome de Cristo, o ressuscitado, ordenando: levanta-te e anda! Espantado com o milagre e percebendo que não recebera dinheiro ou pão, mas a cura de suas pernas e com elas a possibilidade de conseguir seu próprio sustento, o coxo transforma-se em gratidão e alegria, louvando a Deus.
Quantos de nossos irmãos e irmãs nos pedem pão material, mas estão necessitados, também ou mais, do pão espiritual? E em Jesus aprendemos a tirar tudo do nada que temos! Tudo de confiança e fé, do nada de nossa fraqueza e insuficiência.
Quantos de nosso irmãos e irmãs, famintos e famintas, colocam-se como forasteiros na caminhada conosco e, conversando sobre o pão do céu necessitamos também socorrê-los com o pão material, pois nós mesmos devemos dar-lhes de comer, como nos ensinou o Mestre. Os discípulos de Emaús, tomados pela tristeza e pela incompreensão dos fatos (faltava-lhes inteligência espiritual) não reconheceram a Jesus de imediato, mas foram tocados pelo pão da Palavra partilhado pelo próprio Senhor e depois pelo pão eucarístico, quando exatamente aí reconheceram o Mestre. A partir desse momento, não precisavam mais vê-lo com os olhos do corpo, pois os olhos da fé acabavam de ser abertos. Não mediram esforços para voltar pelo caminho percorrido para anunciarem a Boa Nova do ressuscitado.
QUESTÃO NORTEADORA: (para ser respondida mais com o coração e a vida do que com a razão e o pensamento)
Tiramos do pouco que temos para socorrer às necessidades dos irmãos e irmãs? Estamos dispostos a dar mais do que pão e dinheiro, mas a nos comprometermos por inteiro na missão da caridade fraterna, firmando os vínculos da Amizade Social?
ORAÇÃO: Ó Deus, que nos alegrais com a ressurreição de vosso Filho e nos permitis participar de vosso amor, concedei-nos crer sempre em vosso amor e, com alegria, espalhar pelo mundo, a verdade de vosso Reino, amém.
Diác. Robson Adriano F. D. e Silva