Celebrar um Santo Apóstolo é motivo de grande alegria para a comunidade eclesial. Como nos ensina o compêndio de nossa fé: “tudo o que aconteceu nesses dias pascais convoca todos os apóstolos, de modo particular Pedro, para a construção da era nova que começou na manhã de Páscoa. Como testemunhas do Ressuscitado, são eles as pedras de fundação de sua Igreja”(CIC,642) e mais “os apóstolos pregando por toda parte o Evangelho aceito pelos ouvintes por obra do Espírito Santo, congregaram a Igreja universal, que o Senhor fundou nos apóstolos e edificou sobre o bem-aventurado Pedro, sendo a pedra angular o próprio Cristo Jesus” (LG,45). Portanto, no início do anúncio da Boa-nova, impulsionados pela força do Espírito Santo, os Apóstolos foram os primeiros propulsores fidedignos do Evangelho, nos confirmando na fé como o Cristo Senhor os confirmara anteriormente.
O Apóstolo, confirmado na fé como encarregado da missão de evangelizar, deve se descobrir, antes de tudo, um amigo de Jesus. Ele deve saber ouvir o que o Senhor lhe tem a dizer e sobretudo, mais que todos, colocar em prática o que Seu grande Senhor e Amigo lhes pedira.
Hoje a Igreja celebra a festa de dois daqueles grandes amigos de Jesus, Filipe e Tiago, histórias diversas, mas que se encontram em um único propósito, ou seja, tendo ouvido o chamado do Senhor, colocaram-se em seguimento no discipulado e no exercício da missão. Filipe era um dos discípulos de João Batista na espera do Messias, um dos mais icônicos apóstolos, sendo um dos primeiros a ser chamado pelo Senhor. Esteve presente em cenas nos evangelhos que chamam muito a atenção da comunidade, dentre as quais a que está presente no texto de hoje. Lado outro Tiago era filho de Alfeu e irmão de Judas Tadeu e foi o autor de uma das primeiras cartas do Novo Testamento.
Esses homens deram suas vidas em razão do Evangelho, sofrendo o martírio.
O evangelista e apóstolo João, tendo consciência desta realidade reaviva a memória da comunidade dos fiéis ao encontro com Jesus que é a imagem do Pai. Jesus é apresentado aos discípulos como caminho verdadeiro, bom e justo que nos leva a todos ao Pai que nos concede a vida em plenitude. É a partir deste reavivar, se dá por meio do diálogo com o apóstolo Filipe, hoje celebrado com alegria, que a comunidade dos fiéis seguirá o percurso da esperança no Ressuscitado.
À anterior invectiva de Jesus “se me conhecestes ... vistes o Pai”, aparece logo como resposta a qualquer fiel, acolher Jesus é acolher a Vida que o Pai nos comunica. Estar imerso em Jesus é estar imerso no Pai. Percebemos que no diálogo de Filipe com Jesus, seu desejo de conhecer o Pai é legítimo enquanto homem de fé e justo, ou seja, daquele que se adequa à vontade do Pai; quem conhece Jesus, conhece, verdadeiramente o Pai e a Filipe é dado esse caminho de conhecimento enquanto amigo de Jesus.
A resposta de Jesus ao pedido de Filipe, que se assemelha ao pedido de Moisés, que pede para ver o rosto de Deus, só pode ser dada no próprio Cristo, através de Jesus, pois Ele mostra como é o Pai e nos confirma, a partir de si, na presença do Pai. Contemplar Jesus o que Ele faz e como ama ao extremo é contemplar o Pai como realidade profunda de nossa existência enquanto cristãos e não mais carentes de caminhos, de verdades diversas e sempre insuficientes, ao vermos o Senhor, Ele se torna absoluta resposta à espera de encontro com o Pai: quem me vê, vê o Pai. Quem me vê sabe como o Pai age e ama.
Pe. Jean Lúcio de Souza
Primeira sexta-feira do mês, dedicada ao Sagrado Coração de Jesus.
Sagrado Coração de Jesus, nós temos confiança em vós!