Tem uma música que eu gosto muito, o título é “Pão da igualdade” ou “Se calarem a voz dos profetas”, quanto a isso nossas comunidades variam, mas a cantavam com muita animação, o título pouco importa e sim seu belo conteúdo... Ela é fantástica, de uma inspiração e catequese que conseguem colocar todo e qualquer cristão, coerente com sua fé, minimamente pensativo.
O refrão da música diz o seguinte:
É Jesus este pão de igualdade
Viemos pra comungar
Com a luta sofrida de um povo
Que quer, ter voz, ter vez, lugar
Comungar é tornar-se um perigo
Viemos pra incomodar
Com a fé e a união nossos passos um dia vão chegar.
Esta música liga-se tão intimamente à liturgia de hoje que seria impossível passar despercebida. E de que forma?
“Se o mundo vos odeia, sabei que primeiro me odiou a mim. (...) Lembrai-vos daquilo que eu vos disse: o servo não é maior que o seu senhor. Se me perseguiram a mim, também perseguirão a vós”. Este pequeno compêndio Pascal faz menção à missão do discípulo que não é maior que o Senhor que o envia a anunciar com a Palavra e a vida. Por essa razão, quando a música diz “comungar é tornar-se um perigo”, não se trata da comunhão enquanto espaço comensal destinada aos cátaros, mas ao contrário, faz menção à comunhão na missão que todos possuímos, nascida no batismo, que nos insere no corpo místico do Cristo Senhor que nos revela o Pai.
É verdade, se assumimos a comunhão verdadeira com o Cristo Senhor essas Palavras irão ecoar em nossas vidas “Se o mundo vos odeia, sabei que primeiro me odiou a mim. (...). Lembrai-vos daquilo que eu vos disse: o servo não é maior que o seu senhor. Se me perseguiram a mim, também perseguirão a vós”, pois estaremos sempre, sempre, sempre enquanto discípulos, comungando da mesma missão do Senhor edificando o Reino de Deus no chão deste mundo, amando, acolhendo, servindo e buscando a justiça.
Pe. Jean Lúcio de Souza