Caros irmãos e irmãs, dias atrás lembramos a beleza de nossa fé que está fundamentada em uma base de razão cristológica.
Que isso significa? Cremos que Jesus, Filho do Deus vivo, nascido em nossa carne e tendo anunciado o Reino de Deus que é justiça, misericórdia e amor, sofreu sua paixão e morte em nossos dias e que, após sua morte, pela graça de Deus, venceu a morte e ressuscitou ao terceiro dia, para glória de Deus nosso Pai que ama Jesus e em Jesus permitiu a reconciliação consigo no amor de Cristo nosso Senhor que entregou sua vida por seus amigos em nossos dias.
Hoje às vésperas da grandiosa Solenidade de Pentecostes encontramos essa linda passagem da profissão de fé de Pedro, mas uma profissão de fé diferente, profissão de fé que demonstra a força do amor de Deus que nos faz ficar cada vez mais próximos de Jesus, uma profissão de fé no amor de Deus, fruto da oração de Jesus ao Pai: “Simão, Simão, eis que satanás pediu insistentemente para vos peneirar como trigo; eu porém, orei por ti, a fim de que tua fé não desfaleça. Quando, porém, te converteres, confirma teus irmãos” (Lc 22,31-32). A Páscoa de Pedro, sua passagem de um antigo Pedro para o novo homem renascido do alto, do coração aberto, cheio de amor de Jesus Cristo, começa agora, quando ele tem que rever o amor e reconhecer que fugiu... mas agora, deseja permanecer.
Pedro deve se deixar movimentar e renascer no Espírito de Deus que é amor.
O diálogo de Jesus, voltado para Pedro, no Evangelho de Lucas, antecipa suas três negações sobre seu amor a Cristo – Pedro seguia de longe. Tendo eles acendido uma fogueira no meio do pátio, sentaram-se ao redor, e Pedro sentou-se no meio deles. Ora uma criada viu-o sentado perto do fogo e, encarando-o, disse: este também estava em companhia dele! Ele, porém, negou: “Mulher, eu não o conheço” (Lc 22,54-57). O resultado daquele encarar que formalizou a negação de Cristo manterá uma distância da cruz até aquela profissão de fé de Pedro, como redenção no amor.
Óbvio. Tendo negado três vezes, por três vezes, muito dolorosas, deve se dar a reconciliação com o Amor – para que todos sejam um novamente: para que o amor com que me amaste esteja neles, e eu mesmo esteja neles - é preciso repara o dano, amando.
Para cada resposta positiva à inquirição de Pedro “tu me amas?”, Simão, vê-se chamado a confirmar os que lhe foram entregues: apascenta os meus cordeiros! O Senhor acrescenta o que o amor reconciliador é capaz de realizar no coração petrino e no coração de todos nós. O coração de Pedro agora é coração pastoril no ressuscitado, o Bom Pastor, que ama seus cordeiros.
Se você me ama, Pedro, continue minha missão confirmando os que te dei porque como os escolhi, e escolho a ti para essa missão de amar. Seja pastor e não juiz. Seja misericórdia e não condenação. Seja o que pedi por ti, unidade comigo no amor, para ser unidade com eles no mesmo amor. Seja você Pedro, no meio do mundo, o exercício da minha lei no mundo, minha lei de amor. Apascentando os meus cordeiros, ame-os como eu mesmo amo. Consagre-os no amor que agora o ama. Desejo que você ame a todos, amando-me a mim em todos.
Pe. Jean Lúcio de Souza