O apóstolo Pedro, em sua Segunda Carta, nos recorda que o cristão é aquele que toma consciência do dom recebido e o faz com inteligência e afeto, ou seja, com um “conhecimento” pleno e agradecido (vv 3-5). A abertura à graça de Deus exige renúncia às paixões, pureza de coração, disponibilidade para Deus, que nos tornou participantes da sua natureza divina. Isto significa ter-se livrado “da corrupção que a concupiscência gerou no mundo” (v. 4), isto é, participar do amor divino e não do egoísmo e da ânsia de poder que corrompem o mundo. Coerentes à luz da fé, nos esforcemos em colaborar, em tudo fazer a vontade do Pai. Esse é o conhecimento que liberta e salva.
No Evangelho, Jesus conta uma parábola, a respeito do amor salvífico de Deus. Os vinhateiros querem apoderar-se da vinha e batem e insultam repetidamente os servos. Quando veem chegar o “filho muito amado” (v. 6), não hesitam em matá-lo. E assim se auto excluem do Reino do amor. O evangelista Marcos anota que os sumos-sacerdotes, os escribas e fariseus “procuravam prendê-lo... tinham percebido bem que a parábola era para eles” (v. 12). O conhecimento deles se mostra incoerente: escutaram, compreenderam, podiam pensar que estavam preparando um destino semelhante aos dos vinhateiros, que Jesus tenta evitar, mas a inveja os cega. Jesus põe em perigo o poder deles e eles decidem matá-lo. Somos chamados, na busca do verdadeiro conhecimento, a descobrir, cada vez mais, a Pessoa de Cristo e o mistério do seu Coração e a anunciar o seu amor, especialmente, na escuta da Palavra, na celebração da Eucaristia e no serviço da caridade em favor dos irmãos e irmãs.
Deixo-me conduzir por Deus, através de sua Palavra de vida, verdade e salvação? Sou aberto ou resistente à sua graça? Faço-me instrumento de seu amor para a vida e salvação de meus irmãos e irmãs? Busco aprofundar-me na Pessoa de Cristo e no mistério de seu Coração? Em que a Palavra de Deus me ajuda hoje?
Senhor Jesus, concede a mim, aos meus irmãos e ao mundo inteiro, a graça de vencer o amor possessivo, a inveja e a maldade e, de outra parte, concede-nos o dom de nos deixar iluminar pela Tua luz. Que toda a humanidade Ti conheça, Ti ame e possa tomar parte na herança que nos conquistaste ao derramar o teu precioso sangue na cruz. Abre os nossos olhos, Senhor. Abre a nossa mente e o nosso coração. Que jamais Ti deixemos passar em vão pela nossa vida, mas saibamos reconhecer-Te como o “Deus conosco”, como a “Videira” fecunda que o Pai plantou na vinha do mundo para trazer vida e salvação. Amém.
Pe. Marcelo Moreira Santiago