O texto que lemos hoje, na primeira leitura, é uma reflexão sobre o estado do cristão que espera “a chegada do Dia de Deus” (v. 12). O que se espera são “novos céus e uma nova terra” (v. 13), nos quais se manifestará Cristo e se realizará, na “justiça”, o Projeto de Deus. Mas, a manifestação do Senhor não se deve aguardar passivamente. O autor da carta, atribuída a Pedro, nos exorta viver “imaculados e irrepreensíveis e em paz” (v. 14), tal como deve acontecer no dia sem ocaso da vida futura. Mais importante do que procurar saber quando será o “Dia do Senhor”, é viver na justiça e na santidade. O que realmente conta é a magnanimidade do Senhor, que organiza os tempos e a história na amorosa perspectiva da salvação. Os ímpios não conhecem esse desígnio de Deus, mas os creem vão conhecendo-o progressivamente.
No Evangelho, uns fariseus e partidários de Herodes, fingindo sinceridade, fazem a Jesus uma pergunta para colocá-lo em armadilha. Jesus evita a armadilha e aproveita a ocasião para oferecer um importante critério para a vida cristã: “Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus” (v. 17). Essa é a inesperada resposta de Jesus que reconhece que o Estado tem direito a receber o que lhe pertence, mas clarifica que nenhum poder político pode arrogar-se os direitos de Deus. Aquela medalha trazia a esfinge de César, mas nós trazemos a imagem de Deus. Nossa vida pertence a Ele.
Vivo na perspectiva da “vinda” do Senhor, com piedade e santidade? Guardo a minha fé e cumpro as obrigações em relação ao Estado? Reconheço que Deus me fez à sua imagem e semelhança? Procuro ser sinal do seu amor e da sua misericórdia? Em que a Palavra de Deus hoje me ajuda?
Obrigado, Senhor, pela nossa história e pelo nosso tempo. Eles são teus e estão cheios de Ti. Perdoa por, tantas vezes, termos tentado nos apoderar do nosso tempo e não tenhamos sabido esperar a novidade do teu dia. Perdoa por, tantas vezes, não termos reconhecido a tua imagem nas coisas e tenhamos tentado nos apoderar delas, em vez de as reconduzir a Ti. Perdoa se, em vez de esperarmos os novos céus e a nova terra, termos preferido nos apegar a ilusões deste mundo. Ensina-nos a esperar o Dia do Senhor e, enquanto o esperamos, a sabermos “dar a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”. Amém.
Pe. Marcelo Moreira Santiago