Na segunda Carta a Timóteo, a título de vencer controvérsias, Paulo recorda que o único fundamento da fé é Jesus Cristo. Ser cristão é, fundamentalmente, acreditar em Jesus Cristo. A vida do cristão é a vida de Cristo nele; é participação sempre renovada na morte e na vida gloriosa do Senhor, que misteriosamente sofre e ressuscita naquele que acredita nele. É o que se dá com Paulo. Ele está preso “como um malfeitor” (v. 9), mas também convencido de “reinar com Ele”, o Senhor (v. 12). Daqui, seguem duas consequências. Em primeiro lugar, os sofrimentos do cristão têm valor redentor nos sofrimentos de Cristo e são, de fato, instrumento de salvação, na medida em que o cristão sofre, como Paulo, “por Cristo” e “morre com Ele” (v. 11). De outra feita, a vida do cristão torna-se uma existência pascal, na memória da ressurreição de Jesus (v.8) e na profecia da sua própria ressurreição (v.11). Com isso, Paulo nos exorta a “evitar as discussões vãs” (v. 14); a viver com dignidade, como participantes da filiação divina; a não nos envergonhar da Palavra de Deus, mas proclamá-la, ainda que, para isso, tenhamos que sofrer, pois “a Palavra de Deus não pode ser algemada” (v. 9).
No Evangelho vemos que depois dos fariseus, herodianos e dos saduceus, aparece um mestre da lei de boa vontade, que faz uma pergunta teórica a Jesus. Tratava-se de uma questão clássica e frequentemente debatida: qual é o primeiro de todos os mandamentos? Jesus oferece àquele homem uma resposta rigorosamente bíblica: remete-o para Deuteronômio 6, 4s. e para Levítico 19, 18. Contudo, a compreensão plena da resposta só se obtém à luz da revelação, segundo a qual o nosso amor a Deus e ao próximo supõe um fato precedente e fundante: o amor de Deus para conosco. O amor de Deus é a medida com que se deve confrontar todo o amor humano. Se o amor humano nascer do amor divino, ele se estenderá a toda a humanidade, a todo o homem sem distinções, e será um amor com toda a humanidade de que dispomos: o coração, a mente e a vontade. Este amor supera todo e qualquer ato de culto, sobretudo aquele que está separado do amor ao próximo. Vivamos esse amor na concretude da vida.
Temos vivido o amor a Deus e ao próximo, como Deus nos ama? Sou de me envergonhar diante da Palavra de Deus, sendo omisso em vivê-la e em anunciá-la? A Palavra de Deus está algemada ou vem produzindo frutos bons em mim? Ao olhar e ouvir aquele homem, Jesus lhe disse que ele não estava longe do Reino de Deus. Em olhando para você, o que espera que Ele lhe diga?
Senhor Jesus, Tu ofereceste a Ti mesmo e, num ato supremo de amor filial, fizeste-te vítima e sacerdote, dom extremo de amor pelos teus. Agradeço, adoro e me alimento do teu sacrifício, do teu amor. Ensina-me a amar como Tu amaste. Ensina-me o teu amor oblativo. Ensina-me a morrer contigo, para que o mundo seja salvo. Dá-me o teu Coração para que viva em união contigo, de modo cada vez mais profundo. Assim poderei amar o próximo como Tu o amas, e cumprir toda a Lei e os Profetas. Amém.
Pe. Marcelo Moreira Santiago