Nesse domingo, a liturgia da Palavra nos fala da identidade de Jesus e da comunhão que Ele deseja estabelecer com aqueles que o seguem. Somos n’Ele, filhos e filhas de Deus, nosso Pai, chamados a detestar o mal e a, em tudo, fazer a sua santa vontade.
A primeira leitura, do livro do Gênesis, nos apresenta o diálogo de Deus com o primeiro homem e a primeira mulher, depois da queda. Eles sentem que estão “nus”, não pela falta de roupa, mas porque, com o pecado, ficaram “despidos” de sua dignidade. Enfrentarão as consequências do pecado que há de alcançar toda a humanidade, mas Deus, desde já, revela a sua misericórdia. Fala da vinda de uma mulher que há de pisar a cabeça da Serpente. Figura aplicada a Maria, a Mãe de Jesus, o Salvador que há de nos libertar das escravidões do pecado e da morte. O texto nos chamar ao sentido da existência humana, deixando claro que não podemos pactuar com o mal e que devemos estar de sobreaviso diante das tentações do Maligno.
Na segunda leitura, São Paulo, escrevendo à comunidade de Corinto, mostra como as tribulações que sofre não abrandam o seu ardor missionário, que se caracteriza pela grande confiança em Deus e na vida eterna. Duas grandes atitudes qualificam o ministério de Paulo: a esperança de estar unido com Jesus na ressurreição, tal como o está na tribulação terrena, e o desejo íntimo de estar em comunhão com os cristãos a quem anuncia o Evangelho de Jesus Cristo.
No Evangelho, Jesus demonstra que, na sua atividade de libertação do poder do mal, não pactua com o Demônio, mas vem para libertar os homens e as mulheres de todos os tempos. Também nisso faz a vontade de Deus e convida todos a agir de igual modo. A verdadeira família de Jesus é formada por aqueles que fazem a vontade de Deus. “Quem faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã, minha mãe” (v.35). Fazer a vontade do Pai é acolher Jesus, reconhecendo-o Filho de Deus e Salvador. Agir, de modo contrário, negando sua identidade divina, é blasfemar contra o Espírito Santo, é se fechar ao horizonte da graça e da salvação de Deus.
Trago em mim a “veste” da graça de Deus ou ando “desvestido” em razão dos muitos pecados? À semelhança do apóstolo Paulo, sou ardoroso no testemunho da fé, não desanimando nas tribulações da vida, mas confiando sempre no Senhor? Procuro, em tudo, fazer a vontade de Deus, nosso Pai? Deixo-me conduzir pelo Espírito Santo ou sou resistente a Ele?
Ó Deus, fonte de todo bem, atende ao meu apelo e faz-me, por tua inspiração, pensar o que é certo e realizá-lo com tua ajuda. Amém.
Pe. Marcelo Moreira Santiago