Na leitura do Primeiro Livro dos Reis, ao tempo do reinado de Acab e Jezabel, Elias foi enviado, como profeta (854-853), para denunciar o culto à Baal, um deus pagão. Ele, em nome de Javé (Deus), anuncia uma seca, que revelará a fraqueza de Baal, diante dos seus devotos, pois esse falso deus não conseguirá fazer que chova em Israel, contra a vontade do profeta. Acab, instigado por sua mulher Jezabel persegue Elias. Mas Deus o protege, alimentando-o de modo miraculoso, tal como tinha alimentado o povo no deserto. Como age com Elias, a quem enviou, cuidando dele, assim Deus age conosco, nos embates da vida, quando, ao seu chamado, lhe dizemos sim, quando lhe somos fiel.
No Evangelho, no Sermão da Montanha, Jesus nos revela o coração de Deus, que não nos abandona, que ama a todos e os quer felizes: “Felizes... felizes ...” é o termo mais repetido que escutamos hoje. Deus quer a nossa felicidade e nos ensina o caminho para lá chegar. Esse caminho não passa pelas ilusões da riqueza, do poder, das alegrias fáceis...O caminho que Jesus nos indica para a felicidade é o seu próprio caminho. O mundo proclama as bem-aventuranças do egoísmo: felizes os ricos, os poderosos, os que mandam, os que, a qualquer custo, procuram satisfazer as suas reivindicações, os seus interesses. Jesus, ao contrário, diz: “Felizes os pobres, os aflitos, os mansos, os que tem fome e sede de justiça, os misericordiosos, os puros de coração, os que promovem a paz, os perseguidos por causa da justiça...”. É um convite a não nos determos à superfície das coisas, mas a olhá-las em profundidade, para vermos o que realmente conta, o que desde já nos dá alegria, ainda que em condições de sofrimento e de pobreza. Essas bem-aventuranças nos recordam que Deus é fonte de salvação e de consolação para todos os que aderem ao seu Projeto. Somos bem-aventurados quando, ao celebrar, no cotidiano da vida, o banquete de Cristo, nos comprometemos em promover a paz, o perdão e a partilha.
Confio em Deus e n’Ele busco o meu refúgio, ou me apego às seguranças deste mundo? Procuro dizer sempre sim ao chamado que Deus me faz e à missão que me confere? Que tipo de “felicidade” tenho buscado? No seguimento de Jesus, vivo as bem-aventuranças?
Senhor Jesus, que no alto do monte proclamaste as bem-aventuranças, a nova Lei da nova Aliança, ajuda-me a recordá-la e a vivê-la em todas as circunstâncias da minha vida, para dar ao mundo o testemunho profético de fé. Uma vez que me ensinaste os mais altos cumes das virtudes, com as bem-aventuranças, infunde em mim o teu Espírito Santo, que Ele venha em auxílio da minha fragilidade, para que eu possa, na vivência das bem-aventuranças, receber, um dia, o prêmio que Tu me reservas. Amém.
Pe. Marcelo Moreira Santiago