Hoje, celebramos a memória de São Barnabé. Ele é chamado apóstolo embora não tenha pertencido ao grupo dos Doze. Era membro da comunidade judaica de Chipre, em Jerusalém. Não conheceu pessoalmente Jesus, mas converteu-se logo nos primeiros anos do Cristianismo e teve um papel importante na expansão da Igreja. Daí ser chamado apóstolo. Foi ele quem apresentou Paulo à comunidade de Jerusalém, garantindo-lhe a sua recente conversão; quem conduziu Paulo a Antioquia, apresentando-o também lá à comunidade dos fiéis. Barnabé ainda acompanhou Paulo na sua primeira viagem missionária, cerca do ano 60. Depois, separou-se dele, regressando a Chipre onde terá sido martirizado no ano 60. A seu exemplo, sejamos, também nós, colaboradores na evangelização, doando-nos sem reservas para que a mensagem de Cristo chegue a todos os corações.
Na primeira leitura, vemos o papel de Barnabé como elo de união entre a igreja mãe de Jerusalém e a comunidade de Antioquia e sua especial colaboração na evangelização e na edificação da Igreja. É Barnabé quem apresentou Paulo às comunidades de Jerusalém e de Antioquia, garantindo a conversão à fé cristã daquele que todos conheciam e temiam como terrível perseguidor. Fez dele seu companheiro de missão, apesar de Paulo acabar por ultrapassá-lo no intento de inculturar a fé. Em Barnabé, vemos resplandecer a confiança e a generosidade que nos convida a nos libertar da sede desenfreada de posse das coisas e nos estimula a viver na confiança e na gratuidade do amor.
Na outra leitura, vemos Jesus a percorrer cidades e aldeias anunciando o evangelho do Reino e curando doentes. Ele tem presente que as multidões andam desorientadas e abandonadas como ovelhas sem pastor. Então, chama Doze dos seus discípulos para estarem com Ele e para partilharem a sua missão. Dá-lhes poder sobre os espíritos imundos e para curar os doentes. Os missionários devem proclamar o que Jesus disse e fez, e nada mais; devem exercer o seu ministério em absoluta gratuidade. “De graça recebestes, de graça deveis dar” (v.8), diz Jesus. Quem fica preocupado em “ajudar muito”, tem dificuldades de enxergar os outros, de sair, ir ao encontro... corre mais o risco de trocar as pessoas pelas coisas.
De Barnabé se diz tratar-se de “um homem virtuoso, cheio do Espírito Santo e de fé”, o mesmo se pode dizer a meu respeito? Sou ardoroso, como Barnabé, na missão de anunciar e dar testemunho da fé em Jesus Cristo? Vivo o nome de cristão, aquele que segue Jesus Cristo e se faz, a cada dia, seu discípulo missionário? Fico preocupado “em levar muita coisa” para o sucesso da missão, em vez de confiar e de me fazer instrumento de Deus, com o testemunho coerente de minha fé?
Senhor, meu Deus, que belo exemplo a imitar. São Barnabé é um discípulo muito amável, bom, piedoso e caridoso para com o próximo. Possui, além disso, as virtudes mais austeras, pois se despojou dos seus bens e desafiou todas as contradições. A seu exemplo, quero vencer qualquer fraqueza e acomodação e viver a gratuidade que caracteriza os verdadeiros missionários. Educai, Senhor, o meu coração e fazei-o aproximar do ritmo do vosso Coração. Dai-me um coração manso e humilde, de entrega e compaixão, como o vosso. Amém.
Pe. Marcelo Moreira Santiago