Os profetas são homens de Deus, e a sua missão é essencialmente religiosa. Mas isso não os impede de denunciar as injustiças sociais e de emitir juízos sobre situações políticas. Quando o fazem, é também por razões religiosas, porque tudo veem e tudo ajuízam na perspectiva da Lei e da Aliança. Não atuam por razões meramente políticas, por sentimentalismo ou simples reivindicações sociais. É o que vemos na primeira leitura. Na intervenção de Elias junto de Acab, Deus, por meio do seu profeta, condena a injustiça e defende o oprimido. Jezabel será a primeira a pagar pelos seus crimes (2 Rs 9, 30ss.). O princípio da retribuição inclui atenuantes, como aqui, em virtude do arrependimento do culpado e da misericórdia divina. Mas, na lógica do Antigo Testamento, impõe-se sempre a reparação (2 Rs 9ss.). Tudo, a seu tempo, vai se realizar. Somos exortados, então, a praticar a justiça e a defender os oprimidos. A fé implica obras boas, a agir conforme a vontade de Deus, seguindo os seus mandamentos.
No Evangelho, Jesus torna universal o preceito do amor ao próximo. Se assim não fosse, os seus discípulos ficavam ao nível dos publicanos ou dos pagãos, com uma visão restrita a respeito do próximo. Recorda que Deus não faz distinções, mas faz erguer o Sol e cair a chuva para todos. É O Espírito quem faz crescer em nós o amor para com todos, também para com os inimigos: “Amai os vossos inimigos”, afirma Jesus. Amar quer dizer responder ao ódio com o amor. Jesus viveu e morreu em vão se não aprendemos d´Ele a regular as nossas vidas pela lei eterna do amor. Ele nos quer perfeitos no amor para com Deus e para com o próximo. Como filhos de Deus, somos chamados a difundir o amor generosamente. Onde não há amor, onde nos damos conta de que não somos amados, amemos um pouco mais, com o amor que Jesus nos deu. O preceito é este: “Amai os vossos inimigos, fazei bem àqueles que vos odeiam, bendizei aqueles que vos amaldiçoam, rezai por aqueles que vos maltratam” (v.44) “…Sede, portanto, perfeitos como é perfeito o Pai celeste” (v.48).
Pratico a justiça e me empenho na defesa dos oprimidos? Sou coerente com Deus na vivência do amor para com meus irmãos e irmãs? Amo a todos ou apenas aos que me fazem o bem? Qual é o diferencial da fé em minha vida?
Ó Jesus, mestre de mansidão, de humildade e de paciência, ensina-me a ser como Tu. Dá-me a graça de reagir à violência com mansidão, ao orgulho com humildade, às aflições com paciência. Que eu saiba amar com o coração, com os lábios e com as obras, não só os amigos, mas também os inimigos, aqueles que não me querem bem. Que a todos faça só o bem. Que por todos reze com fervor. Assim serei, por tua graça, acolhido, um dia, entre os filhos do Pai, que está no céu, e contado entre os eleitos. Amém.
Pe. Marcelo Moreira Santiago