A primeira leitura é um elogio fúnebre a dois profetas que viveram e atuaram num momento crítico da história do povo de Deus, por volta do século IX antes de Cristo. Elias enfrentou corajosamente o rei Acab, aceitou ficar completamente isolado no meio de um povo que se afastava de Deus, aceitou combater durante toda a vida, porque confiava no seu Deus, e queria realizar a sua vontade de restabelecer o seu Reino em Israel. Ele confiou em Deus e foi fiel à sua missão. De igual maneira, a leitura testemunha a respeito de Eliseu, sucessor do profeta Elias, recordando a sua atuação política e os sinais prodigiosos por ele realizados. Somos exortados a reconhecer tanta gente que nos precedeu na vivência da fé e que viveram com a “sabedoria dos simples” no caminho do Senhor e, de outra parte, a, em tudo, fazer, a vontade de Deus, cumprir com frutos o chamado que Ele nos faz e a missão que nos confere.
No Evangelho, depois de ter criticado o modo de orar dos fariseus e dos pagãos, Jesus ensina o Pai Nosso. Nele, em primeiro lugar, pedimos que o nome de Deus seja santificado. Não é que Deus precise de ser tornado mais santo. Ele é a fonte da santidade. O que realmente pedimos é que os nossos pecados não sejam obstáculo à manifestação da sua santidade. Pedimos que a santidade da Igreja proclame a santidade de Deus, a sua justiça, o seu amor misericordioso. Pedimos que Deus seja santificado “em nós” e não “por” nós. O Reino, objeto do segundo pedido, não é outra coisa que a vontade salvífica de Deus, manifestada em Cristo e que se dirige a todos. É a obra que o Pai lhe mandou realizar. Venha o teu Reino! Faça-se a tua vontade! A vontade de Deus é que o seu Reino se estabeleça no coração de cada pessoa, para o seu próprio bem. Depois de nos ter feito rezar pelo Reino, o Mestre nos permite trazer, na oração, outras súplicas. Em primeiro lugar, pelo “pão nosso de cada dia”. O pão, aqui, é tudo aquilo de que o homem precisa para a sua vida. Pedimos o pão espiritual, a Palavra de Deus, mas também pedimos o alimento corporal, o vestuário, a habitação, a saúde, o trabalho. Pedimos ainda o pão da vida, o pão que desceu do céu, que é Ele mesmo, a Eucaristia, seu corpo e sangue, alma e divindade a nós ofertado sacramentalmente. O penúltimo pedido, em Lucas, soa assim: “perdoa os nossos pecados, pois também nós perdoamos a todo aquele que nos ofende” (Lc 11, 4). É o único pedido em que também prometemos alguma coisa e o único que Jesus comenta: “Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também o vosso Pai celeste vos perdoará a vós. Se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também o vosso Pai não perdoará as vossas” (Mt 6, 14s.). Pedir perdão a Deus, com ressentimentos no coração, é auto condenar-se. Nessa situação é preciso inverter os pedidos e rezar assim: ajuda-nos a perdoar a quem nos ofendeu, como Tu nos perdoas os nossos pecados! Não nos deixes cair em tentação. Mateus acrescenta: “mas livra-nos do Mal", isto é, do Maligno. É o tipo de tentação que Jesus sofreu no deserto, a tentação “objetiva”, que não parte de nós, das nossas más inclinações, mas do maligno. É a tentação que pode lançar em nós a dúvida sobre a paternidade e a bondade divinas, afastando-nos de Deus. O Pai nosso é a oração de Jesus. Rezá-lo é comungar na oração do nosso Salvador. A oração do Filho, tornou-se a oração dos filhos. Precisamos reaprender a rezá-lo com a emoção e afeto.
Procuro cumprir com zelo, entrega e fidelidade o que Deus me confia? Sou atento, em tudo, para fazer a sua santa vontade? Rezo, regularmente, a oração que Jesus nos ensinou? Como está a minha vida de oração? Em que a Palavra de Deus me ajuda hoje?
Ó Jesus, ensina-me a rezar, como Tu rezaste. “Pai!” é o primeiro grito que sai do teu coração e dos teus lábios, em todas as circunstâncias. Nas dificuldades, pensavas na glória do Pai: “Pai, glorifica o teu nome”. Quando as coisas corriam bem, não pensavas senão em glorificar o Pai: “Eu te bendigo, ó Pai, Senhor do céu e da terra!”. A disposição fundamental do teu coração é o amor pelo Pai, um amor profundo, que vem antes de mais nada, que não Ti leva a procurar senão a sua glória. Que a tua oração se torne a oração do meu coração e dos meus lábios. Assim, pouco a pouco, o meu pobre coração tornar-se-á semelhante ao teu, com os meus pensamentos, os meus desejos, os meus sentimentos. Senhor, ensina-me a rezar! Amém.
Pe. Marcelo Moreira Santiago