Na primeira leitura, Atália, filha de Acab e Jezabel, quis continuar a política anti-javista e a promoção do culto de Baal, divindade pagã, agora no Sul. Tendo morrido Acazias (841 a.C), legítimo herdeiro do trono, ela apoderou-se do reino de Judá e eliminou a restante família real. Mas Joseba, filha do rei Jorão e mulher do sumo-sacerdote Joiada (2 Cr 22, 11), tomou Joás, filho de Acazias e livrou-o do massacre dos filhos do rei, escondendo-o no templo. Passados sete anos, e após uma bem-preparada conjuração, Joás é proclamado rei (835-796) e entronizado. O grupo ligado a Jezabel é destroçado pela reação da casta sacerdotal e o templo de Baal, erguido no centro de Jerusalém, é destruído. A própria rainha é morta e, finalmente, a aliança é renovada: “Joiada fez uma aliança com o Senhor, o rei e o povo, segundo a qual o povo devia ser o povo do Senhor” (v. 17). A renovação da aliança se repete, como nos momentos cruciais da história de Israel (2 Rs 23). Deus, nos mistérios da vida, age na história do seu povo em favor da Aliança.
No Evangelho, as palavras de Jesus podem ser compreendidas a partir da oposição: tesouro na terra e tesouro no céu. Quem agir segundo a justiça, praticar o bem, der esmola ... terá um tesouro no céu. Era a mentalidade comum no tempo de Jesus e que devemos ter em conta. Mas a afirmação de Jesus tem uma profundidade maior: a propriedade terrena é passageira e incerta... Como é que se obtém o tesouro no céu? Orientando o coração, isto é, a afetividade, o homem todo, com os seus apetites e desejos mais íntimos e profundos, para Deus. Esse é o tesouro que permanece seguro. Os olhos são a lâmpada do corpo porque nos permitem ver. Se estiverem sãos, isto é, postos em Deus, que é a luz fonte de toda a luz, será iluminado o mistério da escuridão humana. Se estiverem doentes, isto é, não postos em Deus, viveremos nas trevas, no mistério da nossa própria escuridão.
Deixo-me seduzir pelos falsos deuses, tentado em colocá-los no lugar do Deus verdadeiro? Sou coerente no testemunho da minha fé batismal? Que tesouros tenho acumulado em minha vida? Como andam os “olhos do seu coração”, estão sãos ou doentes? Em que a Palavra de Deus me ajuda hoje?
Senhor, dá-me um coração semelhante ao teu. Dá-me um coração simples que saiba discernir o verdadeiro bem, e não se deixe sugestionar pelos bens aparentes, ilusórios e passageiros. Dá-me, Senhor, um coração unificado, que não alimente aversões, não se dobre ao mal, não se torne escravo da sensualidade e do capricho. Faz-me compreender que só Tu és o tesouro do meu coração. Amém.
Pe. Marcelo Moreira Santiago