Existe uma moldura na liturgia da Palavra de hoje contida na profecia de Jeremias. Como podemos notar, o profeta recebe a missão de falar em nome de Deus ao povo de Judá e comunica a todos o desejo de Deus, ou seja, que toda comunidade se abrisse a ouvir a Palavra, o desejo do Senhor Deus que todos endireitassem o caminho, vivendo segundo a Lei, escutando a Palavra. Contudo, após o anúncio do profeta, que chama a comunidade à conversão e a voltar-se para o Senhor, todos se irritam com o profeta e prendem-no.
A presente moldura liga-se ao episódio que Mateus oferece à Comunidade dos fiéis justamente no encerramento do Cap. 13, onde estão inseridas as parábolas do Reino. Que nos interessa hoje, de modo especial?
Primeiro entender o contexto. Se o texto de hoje encerra a narrativa das parábolas do Reino, seria necessário regressarmos alguns versículos anteriores (13,51). Ali, encontramos Jesus lançando uma pergunta ao povo, um povo que não está inserido no meio da sua parentela e nem faz menção pertencer à sua pátria (13,54). Que pergunta seria esta? “entendestes todas essas coisas?”, as coisas sobre o Reino, sobre a adesão à nova proposta que lhes comunico, tendo como base o antigo que se torna novo em Mim? O povo responde que “sim” dando-lhe assentimento. Entendemos e cremos, por isso estamos aqui. Em Mateus 12,48ss vamos encontrar outra pergunta interessante de Jesus: “quem é minha mãe e quem são meus irmãos? Os que fazem a vontade do Pai, compõem a família de Jesus.
Logo podemos perceber que o contexto está na abertura à novidade que é Jesus, mas o povo não se abre ao entendimento que Jesus não é o filho do carpinteiro, mas o Filho do Deus vivo que está nos céus (Mt 12,50). Há, portanto, uma contradição. A pátria não conhece o relato da encarnação do Verbo (Mt 1,18-25), não sabem quem é verdadeiramente Jesus e que Ele fala perfeitamente em nome de Deus porque é Filho de Deus. A dureza de seus corações impede a ação de Jesus. Não que Ele não possa, mas porque eles disseram “não”, ao pertencimento à família de Jesus. Disseram “não” ao “entendestes todas essas coisas?”. Não querem entender que Jesus é o Emanuel, Deus conosco. Não querem acolher as realidades do Reino e o crucificaram no final de tudo...
Segundo, abrir-se ao entendimento da proposta Mateana é acolher essas duas realidades: Jesus enquanto Filho de Deus e não do carpinteiro e abrir-se ao entendimento das realidades do Reino de Deus. Quando nos abrimos a essas realidades a vida ao lado de Jesus torna-se uma missão nascida do discipulado. Somos um com Jesus e o Pai e nos movimentamos no Espírito Santo que nos anima e fortalece. Sejamos corajosos e não fechemos nossos corações, abramos nosso entendimento e afeto para dizermos “sim” ao Evangelho do Reino.
Deus nos guarde em seu amor!
Pe. Jean Lúcio de Souza
Primeira sexta-feira do mês, dedicada ao Sagrado Coração de Jesus.
Sagrado Coração de Jesus, nós temos confiança em vós!