Na primeira leitura, Paulo chama de homens carnais às pessoas que se orientam pelas suas próprias forças, por critérios meramente humanos. Também fala de homens espirituais, ou seja, daqueles que livre e conscientemente entraram numa nova mentalidade, num estilo de vida que partilha a novidade de Cristo. Segundo ele os homens carnais criam divisões, semeiam discórdias e invejas. Em vez de contribuírem para construir a comunidade, tendem a destruí-la. O Apóstolo garante que a todos é possível comportar-se como homens espirituais, desde que compreendam bem quem é Apolo e quem é Paulo, pois ambos são ministros, isto é, servos, simples colaboradores de Deus. Só Deus tem a iniciativa de salvar; só Ele faz crescer o que os servos plantaram e regaram. Só Ele salva aqueles que, pela pregação da Palavra, se abrem ao diálogo que leva a descobrir a verdade.
No Evangelho, em sua primeira parte, temos a cura da sogra de Simão Pedro que nos revela que a cura habilita para o serviço. Uma vez curada, ela se põe a servir (v. 39). A seguir, Jesus cura outros doentes, ocasião em que acontecem verdadeiras profissões de fé n’Ele, dizendo quem Ele é: “Tu és o Filho de Deus”, mesmo que elas saíam da boca dos demônios. Na segunda parte do texto, vemos a consciência que Jesus tem de sua missão evangelizadora (v. 43). Lucas, o evangelista que narra esse acontecimento, se faz intérprete de dois eventos fundamentais, ou seja, do fato de que a evangelização é uma característica essencial do cristianismo e da consciência messiânica de Jesus, da necessidade de anunciar o Reino de Deus. Trata-se de uma necessidade providencial, porque está inscrita no Projeto Salvífico do Pai. “Para isso é que eu fui enviado” (v.43).
Como tenho vivido minha vida cristã, como a de “homens carnais” ou como de “homens espirituais”? Reconheço que a salvação é iniciativa divina, fruto do seu amor misericordioso, também por mim? No seguimento de Jesus, tenho colocado os dons a serviço, como a sogra de Pedro, e me empenhado em colaborar com a missão, confiada à Igreja, de evangelizar?
Senhor, liberta-me da inveja que mina o meu crescimento e as minhas relações com meus irmãos e irmãs. Liberta-me do ciúme e de toda frustração, cólera e rancor. Dá-me aquela liberdade que não teme críticas e nem pretenda atrair louvores para mim mesmo, mas que é feita de humildade e tolerância, privada de interesses egoístas. Senhor, faz com que eu caminhe na tua graça e colabore no serviço da evangelização, levando a todos a Boa Nova do teu amor e da salvação que nos concede. Amém.
Pe. Marcelo Moreira Santiago