Hoje celebramos o Dia da Pátria. Rezemos pelas lideranças de nosso país, para que tenham o olhar de Jesus para as necessidades das pessoas e trabalhem, concretamente, em benefício da população. Em Congonhas, a Arquidiocese de Mariana se une para celebrar nesse dia o 30º Grito dos Excluídos e Excluídas, à luz do tema: “ Vida em primeiro lugar!” e do lema: "Todas as vidas importam. Mas quem se importa?”
A primeira leitura nos leva a meditar como Deus nos quer unidos na caridade: “Irmãos - escreve Paulo - ninguém se vanglorie, tomando o partido de um contra o outro... Que tens tu que não tenhas recebido? E, se o recebeste, porque te glorias” (v. 6-7). É uma palavra profunda: tudo recebemos; não devemos usar os dons de Deus para criar divisões entre nós, mas para nos construirmos como uma só coisa. Paulo sente-se ligado aos seus fiéis porque, como eles, sabe que foi salvo pela graça de Cristo. Por outro lado, não quer chegar à meta sem eles. A expressão "reinar convosco" (v. 8) exprime claramente o seu desejo de partilhar com todos a alegria da salvação. Trata-se de uma paternidade espiritual não menos comprometedora que a paternidade física. É uma paternidade sem fronteiras. É essa a experiência de Paulo em relação àquela comunidade de Corinto. “Fui eu que, pelo anúncio do Evangelho, vos gerei em Jesus Cristo” (v.15).
No Evangelho, Lucas nos apresenta hoje, e nos textos seguintes, algumas polêmicas de Jesus com os fariseus acerca do sábado e das práticas permitidas ou não permitidas nesse dia. Impressiona o modo positivo e propositivo de Jesus. Ele tenta desamarrar os fariseus de uma mentalidade excessivamente jurídica, servilmente ligada a aspectos que os levaram, àquele tempo, a compilar um elenco de 613 preceitos, além dos 10 mandamentos. Jesus tenta tirá-los dessa mentalidade lembrando um acontecimento, no Antigo Testamento, dado com Davi a respeito dos pães oferecidos a Deus que ele e seus companheiros comeram (v.4). Foi uma opção de liberdade diante de uma tradição que parece não admitir exceções. Ora, Davi era uma referência para todos, também para Jesus. Mais uma razão para, neste caso, o aceitar como modelo de liberdade perante tradições que, não sendo bem interpretadas, ameaçam sujeitar o ser humano à lei, em vez de o libertar.
A afirmação final é clara: “O Filho do Homem é Senhor do sábado” (v. 5). De um lado, Jesus compara-se a Davi; de outro, afirma a sua superioridade enquanto "Senhor do sábado", e com isso, implicitamente a sua divindade.
Procuro ser caridoso e primar pela unidade e comunhão ou sou de criar “divisões”? Tenho gosto e zelo pelas coisas de Deus, ardor em comunicar, com a palavra e a vida, o Evangelho aos irmãos e irmãs? Sou do tipo que se prende a tradições vazias que não traduzem um verdadeiro amor a Deus e ao próximo? Tenho misericórdia e, à luz da fé e da cidadania, coloco meus dons a serviço, sobretudo em favor dos excluídos?
Senhor, o sofrimento me assusta. Mas não posso negá-lo, escapar dele, porque faz parte da vida de cada um de nós. Tenho medo do sofrimento físico causado pelas doenças, pelas privações, pelo cansaço, por um corpo frágil que se deteriora com o passar dos anos. Tenho medo do sofrimento emocional e psicológico que deriva das incompreensões, das resistências e das limitações. Tenho medo do sofrimento espiritual diante das dúvidas, aridez, incertezas e indiferença. Mas foi esse o caminho dos teus discípulos e amigos. Assim o é também para mim e para todos que decidem seguir-Te. Infunde em mim e nos teus discípulos o teu Espírito de coragem e confiança. Venha em socorro da minha fraqueza, Senhor. Amém.
Pe. Marcelo Moreira Santiago