Na primeira leitura, Paulo trata de um caso de imoralidade. Um cristão de Corinto tinha cometido um grave pecado de incesto unindo-se com a “mulher de seu pai”, provavelmente já viúva. A comunidade não o tinha expulsado do seu seio, correndo o grave risco de corrupção interna. Paulo, ao tratar desse assunto, apela para o evento pascal que, tendo caracterizado a vida de Jesus, deve também caracterizar a vida de todos os cristãos e a das respectivas comunidades: “Purificai-vos do velho fermento, para serdes uma nova massa, já que sois pães ázimos” (v. 7). Paulo, com isso, conclama à adesão a Jesus Cristo, a acertar o passo, a deixar o que foi definitivamente ultrapassado com a vinda de Cristo, “Pois Cristo, nossa Páscoa, foi imolado. Celebremos a festa” (v. 7-8): É à luz do evento pascal que uma comunidade deve viver a fé, libertando-se de todo pecado, deixando para trás o que não está em conformidade à fé no seguimento de Jesus Cristo. Temos que substituir o velho fermento pelo novo, o da sinceridade e da verdade.
No Evangelho, Jesus realiza, em dia de sábado, um milagre em favor de um homem paralítico, o que desencadeia críticas dos seus adversários. Jesus os enfrenta colocando a questão do seguinte modo: “O que é preferível, ao sábado: fazer bem ou fazer mal, salvar uma vida ou perdê-la?” (v. 9). De fato, o sábado está para o ser humano e não o contrário. A todo momento, somos exortados a fazer o bem. O bem a ser feito não tem tempo e nem hora. A vida cristã se constrói na perspectiva do seguimento de Jesus que, por amor, se entregou por nós, em sua imolação de cruz, cumprindo o que o Pai lhe confiou, para a redenção da humanidade.
Procuro viver a novidade da vida no seguimento de Cristo, deixando para trás os vícios, os pecados, os comportamentos desmedidos? Coloco meus dons a serviço, ocupado em fazer o bem? Vivo a fé em um cumprimento formal de ritos e leis, ou com devotado amor, movido na misericórdia e no serviço?
Senhor Jesus, ver-Te atuar segundo a lei do amor, mesmo na certeza de que os teus adversários iriam reagir negativamente, é para mim desafiador. Que alegria observar a tua certeza, apoiada apenas no teu amor libertador, em contraste com a mesquinhez dos fariseus, preocupados apenas em mostrar a sua impecável observância. Liberta-me, Senhor, da cegueira dos fariseus que, por amor da lei, chegaram a matar-te e, em defesa das suas tradições, não tinham escrúpulos em prejudicar o próximo. Amém.
Pe. Marcelo Moreira Santiago