A primeira leitura do Livro dos Provérbios começa com uma reflexão sobre a Palavra de Deus. Depois, vem uma prece sapiencial que tem por tema a pobreza e a riqueza. O ideal da sabedoria não é a pobreza, enquanto falta do necessário, mas o bem-estar, ou seja, ter o necessário para se viver com dignidade. O autor reflete que isto é uma bênção de Deus. Procurá-lo é um dever. Aqui se condena duramente a preguiça e a falta de empenho. Mas, se o bem-estar é uma bênção, não quer dizer que o pobre seja um maldito ou castigado. São muitas as recomendações em favor dos pobres, neste livro. Ajudá-los é um dever. É preciso também lembrar que a felicidade não se encontra só na riqueza, mas na riqueza acompanhada pelo temor de Deus, pela justiça e pela concórdia: “Na casa do justo há riqueza abundante; mas o rendimento dos maus é fonte de perturbação” (15, 6). Finalmente, o Livro dos Provérbios admite que a excessiva riqueza pode trazer grandes perigos morais, tais como a autossuficiência, de quem julga não precisar de Deus e nem dos outros. Por isso, o sábio pede a Deus que nem lhe dê a miséria que leva à rebelião e nem excessiva riqueza que pode levá-lo a esquecer de Deus. Peçamos ao Senhor o dom da verdade, da sinceridade e da moderação.
No Evangelho, vemos Jesus pregando a conversão, expulsando demônios e curando os doentes. Essa é também a tarefa do discípulo missionário (v. 1s). Antes de mais nada, Jesus ordena ao missionário que leve consigo apenas o estritamente necessário, e nada mais (v. 3). É um convite à pobreza entendida como liberdade (deixar para seguir) e fé (o próprio Senhor tomará conta dos seus discípulos). Depois, vem uma norma de bom senso: o discípulo itinerante não ande de casa em casa, mas escolha uma casa digna e hospitaleira, ficando nela o tempo necessário (v. 4). Finalmente, uma sugestão sobre o comportamento em caso de recusa. A recusa está, de fato, prevista: é confiado ao discípulo uma missão; mas não lhe é garantido o sucesso. Diante da recusa, deve comportar-se como Jesus: quando é recusado num lugar, vai para outro (v. 5). “Sacudir o pó” é um gesto de juízo, não de maldição: serve para sublinhar a gravidade da recusa, da ocasião perdida.
Procuro viver com o suficiente, com desapego e senso de partilha, sobretudo em favor dos mais necessitados? Trago em mim o ardor pela evangelização? Faço-me instrumento de Deus para ajudar as pessoas? De que mais tenho precisado, de coisas ou de Deus: Que escolhas tenho feito?
Senhor, não me deixes cair na tentação do desânimo. Dá-me o dom do discernimento, para que eu saiba descobrir a tua vontade nas próprias dificuldades que se me apresentam e encontrar os meios para tornar cativante a apresentação da tua Palavra. Mais do que de meios técnicos, preciso de Ti, do teu Santo Espírito. Livra-me da tentação do sucesso humano. Ilumina-me, Senhor! Faz de mim um instrumento eficaz da tua salvação. Amém.
Pe. Marcelo Moreira Santiago