Vicente nasceu em 1581, na França, e lá faleceu em 1660. Ordenado presbítero, dedicou seu ministério aos pobres, crianças abandonadas, vítimas da guerra e a todos os necessitados. Fundou a Congregação da Missão, dos padres lazaristas, e as Filhas da Caridade, junto com Santa Luísa de Marillac. Com imensa dedicação, incrementou a formação do clero. Seu exemplo nos motive a canalizar tempo e esforços em favor dos excluídos da sociedade, em atenção ao que nos pede o Cristo Mestre e Senhor de nossa vida.
A primeira leitura fala sobre o “tempo propício” para cada coisa. Tudo tem a sua duração e para tudo há o momento próprio, a ocasião propícia... Mas, como conhecer esse momento, essa ocasião? O ser humano parece incapaz de influir na engrenagem do tempo. No fundo, a existência é simples, feita de poucas atitudes de base que se repropõem permanentemente. Com todo o seu afã e desejos, o ser humano está encerrado na trama destas situações que se sucedem irreversivelmente. A existência humana está encerrada num círculo inquebrável. Haverá um sentido para tudo, mas o ser humano não o alcança. Deus pôs em seu coração a exigência de uma visão de conjunto e a necessidade de se interrogar sobre a sua existência, para além da caducidade dos momentos que se sucedem. O presente nem sempre corresponde ao passado. Sonha-se e deseja-se antecipar o futuro, mas ele nos escapa. Resta confiar em Deus. Nisso consiste, para o Eclesiastes, o temor de Deus. Mas é uma atitude sábia não perder o presente, o único tempo que possuímos. O passado é passado; o futuro ainda não é nosso.
No Evangelho, vemos o próprio Jesus perguntar aos discípulos sobre quem é Ele? A resposta do povo é variada: anda no ar a suspeita de um qualquer "mistério", mas não há quem consiga sair dos esquemas religiosos comuns. Também os discípulos respondem de modo incompleto: pelo menos, a sua resposta pode ser mal-entendida. Por isso, Jesus lhes proíbe falar (v. 21). De fato, não é suficiente reconhecer Jesus como Messias. Que Messias? Só a cruz afastará qualquer mal-entendido. “O Filho do Homem tem de sofrer muito” (v. 22): a cruz não foi um acidente de percurso, mas querido, planejado por Deus. É esta a novidade inesperada e que escandalizará tanta gente. A presença de Deus manifestou no caminho da cruz, isto é, no dom de Si mesmo, não por uma qualquer imposição, mas por amor. Se esse dom de Si tivesse sido inútil e definitivamente derrotado, não seria certamente um sinal de Deus. Mas a ressurreição fez dele esse sinal. É no dom de Si mesmo, que não recua perante o sofrimento e a morte, que está encerrada a vitória de Deus.
Em que me apego, nas coisas passageiras ou naquelas que dão sentido e horizonte à minha vida? Acredito que tudo passa, mas só Deus permanece? Como tenho conduzido a minha vida? Quem é Jesus para mim?
Senhor, também eu sou tentado a me lançar, avidamente, para aproveitar as ocasiões em que a vida parece poder dar-me algo que me satisfaz, ainda que momentaneamente. Hoje, Tu me apontas uma rocha segura a que me agarrar, a rocha que é o “Cristo de Deus”, perenemente proclamada por Pedro, no meio das ondas do tempo, das modas, dos pensamentos, da variedade das aventuras humanas. Tudo na vida pode mudar. Mas o teu Filho, “o Cristo de Deus”, permanece. Contemplando-o, Cordeiro imolado, mas de pé, morto e ressuscitado, estou certo de que vale a pena viver. Imprime no meu coração a profissão de fé de Pedro. Que eu possa vencer minhas angústias e meus medos. Não me deixe, Senhor, afogar no turbilhão das coisas passageiras, mas em Ti encontrar sentido, horizonte e paz e felicidade sem fim. Amém.
Pe. Marcelo Moreira Santiago