Hoje, celebração em nossas comunidades eclesiais, o “Dia da Bíblia”. Que esta Palavra de vida, verdade e salvação possa animar a nossa vida e a nossa ação eclesial. Ela é útil para corrigir, nos formar na justiça e nos empenhar para toda boa obra. Não é Palavra qualquer, mas de Deus para a vida de seu povo.
Também se celebra hoje a memória dos Arcanjos São Miguel, São Gabriel e São Rafael, criaturas para louvor da glória de Deus e mensageiros d’Ele para a salvação de seu povo. Miguel, quem como Deus? Gabriel, o mensageiro de Deus e Rafael, a misericórdia de Deus.
A liturgia deste Domingo apresenta várias orientações para que possamos viver como autênticos discípulos de Jesus. Entre elas, não nos considerar donos exclusivos do bem e da verdade, mas capazes de reconhecer e aceitar a presença e a ação do Espírito de Deus através das pessoas de boa vontade que, independentemente da sua situação e enquadramento eclesial, são sinais vivos do amor de Deus no meio do mundo.
A primeira leitura, a partir de um episódio ocorrido enquanto o Povo de Deus caminhava pelo deserto do Sinai, nos convida a reconhecer e a acolher a ação do Espírito de Deus no mundo e na vida dos seres humanos, mesmo quando essa ação se concretize através de pessoas que nos parecem “improváveis”. O verdadeiro fiel, que se guarda na fé, aceita sempre a iniciativa de Deus, seja como for que ela se apresente, e a acolhe com um coração agradecido.
Na segunda leitura, São Tiago fala que apostar a vida nos bens materiais é um mau negócio: eles desaparecem e não asseguram Vida definitiva. De resto, a obsessão com os bens materiais é fonte de injustiças e de sofrimento e Deus nunca abençoará quem, por cobiça e ambição, explora e fere os seus irmãos.
No Evangelho, Jesus desafia os discípulos a porem de lado os interesses pessoais e de grupo e a viverem na lógica do Reino de Deus. Exorta-os, e assim a nós, a não serem uma comunidade fechada, sectária, intransigente, ciumenta, arrogante, e a acolherem de braços abertos todos aqueles que se dispõem a trabalhar por um mundo mais humano e mais livre; exorta-os também a não excluírem da dinâmica comunitária os pequenos e os pobres e pede, finalmente, que arranquem da própria vida todos os sentimentos e atitudes que são incompatíveis com a opção pelo Reino, como o egoísmo, o orgulho e a autossuficiência.
Reconheço e acolho a ação de Deus, através de seu Santo Espírito, em mim e no mundo? Sou dócil aos seus apelos? Em que venho apostando a minha vida, nos bens materiais apenas? Sou de partilhar dons e bens, fazendo destes um caminho de testemunho do amor a Deus e ao próximo? Que incoerências e pecados preciso arrancar de minha vida?
Senhor, meu Deus, concede-me reconhecer a tua ação para além da minha ótica. Que no uso dos bens que me concede, não me veja preso a eles e saiba repartir dons e bens, com o coração desapegado e misericordioso, em favor de meus irmãos e irmãs, a começar dos mais necessitados. Ajuda-me, com tua graça e à luz de tua Palavra a arrancar de meu coração todo egoísmo, orgulho e toda autossuficiência. Só a Ti quero servir. Amém.
Pe. Marcelo Moreira Santiago