As pessoas poderiam nos perguntar, a nós cristãos e cristãs: a quem amar e como amar? Verdade é que, uma pergunta simples exigiria de nós um contemplar para responder. E a resposta não poderia ser outra senão amar a Deus sobre todas as coisas sobretudo em nós mesmos e nos irmãos e irmãs.
Vivemos em uma sociedade onde amar se equilibra entre o amor narcísico que exclui o outro e a ausência de amor ao outro e a si. Como isso pode acontecer? Através da ausência da contemplação da beleza da vida que está em nós e nos irmãos e irmãs e, de outro lado, um egoísmo mecanizado que a outros impediria de perceber que não estamos sós no chão deste mundo.
São polos verdadeiramente antagônicos não acham? Mas é real.
Quando ouvimos as leituras de hoje somos chamados à responsabilidade de um desinstalar-se de si mesmos e voltarmos nossos olhos ao Senhor nosso Deus que nos constituiu amando o que somos como imagens de sua própria benevolência. Amar a Deus é antes amar o que somos por sermos o que Ele mesmo é, um amor doação de Si a nós para sermos Nele amor que se doa na história.
Esvaziarmo-nos disso é buscar o amor doentio e egoístico a si mesmos excluindo o outro ou nos esquivarmos do amar a si e aos outros como falsa incapacidade de se dar ao outro como resposta ao amor de Deus.
No diálogo do texto de Marcos um mestre da lei pergunta a Jesus sobre o verdadeiro amor que é lei. A resposta de Jesus endossada pelo mestre da lei é uma compilação do amor: amar a Deus, a si e aos irmãos e irmãs. Lógico que não poderia ser outra a assertiva de Jesus e nem do mestre da lei.
Amar a si é um bom princípio. Desaprendemos a nos amar, deixamos muitas vezes nossos corpos, nossa saúde mental, corporal e espiritual de lado. Julgamos que isso é vaidade, quando na verdade a vaidade é um outro ambiente da vida. Amar a si é compromisso com o templo de Deus que somos é uma responsabilidade com “esta casa” interior que se reflete no exterior: em nossos sorrisos, em nossas vidas e como lidamos com os outros. Se cuidamos mal de nós, como poderemos cuidar dos outros. Amar a si próprio e sua vida pessoal integral não é um erro ou vaidade, amar a si próprio é aprender a se respeitar, se não nos respeitamos não saberemos respeitar o outros.
Mas esse amor não pode ser doentio a ponto de excluir o outro não conferindo a ele importância e dignidade evangélicas.
Quando aprendemos a nos amar e conferir vida à nossa vida, aprendemos a amar o outro e conferir vida a ele.
Nesse campo da existência percebemos que quando nos amamos e amamos o outro descobrimos o lugar do amar a Deus sobre todas as coisas. Não basta o culto, mas a liturgia da vida recebe o bom odor de Cristo quando descobrimo-nos responsáveis por nossa felicidade e pela felicidade das pessoas que estão à nossa volta. Se queremos saber se amamos a Deus verdadeiramente observemos as pessoas que estão ao nosso redor, se são amadas por nós da mesma forma como nos amamos. Se houver aí o zelo pela vida, descobrimos o que é e como é amar, ou seja, amar a Deus em mim e nos irmãos e irmãs constituindo uma sociedade diferenciada pelo respeito à vida integral.
Deus abençoe nossas vidas.
Coragem!
Pe. Jean Lúcio de Souza