O cenário do Evangelho de hoje nos leva a outro banquete. Agora é Jesus quem dá o tom da conversa. Aparentemente o convite que recebera deve ter sido extensivo a outros da comunidade judaica, quem sabe os ricos e nobres? Quem sabe os “mestres”, os “sábios e entendidos” no domínio popular? Muitos dos quais poderiam retribuir a nobreza do momento e sua opulência da mesma maneira que seu anfitrião, quando este também fosse convidado por seus pares.
Aquele momento se transforma em uma belíssima catequese sobre aqueles que verdadeiramente mereceriam um olhar convidativo, para que pudessem ter suas necessidades resolvidas e sanadas, sobretudo a fome e a marginalização social. O olhar de Jesus é expressão de sua misericórdia, atinge a vida daqueles que nunca seriam convidados para um banquete ou para uma festa, ou seja, os excluídos.
Jesus apresenta ao chefe dos fariseus o grupo daqueles que são, antes de tudo, alvo do cuidado que a sociedade deveria empreender em seu favor: os pobres, os aleijados, os coxos, os cegos, aqueles quais ninguém zelava por eles ou, se houvesse algum tipo de zelo, seria tão marginal quanto suas situações, o mínimo lhes seria oferecido como forma de amortização das consciências, pequenas quantias, uma atenção nula às suas situações, porque é obvio que mantê-los naquela situação é lucrativo e elevá-los da situação de pobreza e miserabilidade seria querer igualá-los aos nobres e ricos, algo impossível para a sociedade narcisista e hedonista.
Ao passo que, no banquete do Reino, estes são os escolhidos por Deus. Os limites sociais como a fome e a marginalização social não são queridos por Deus, a fome e a miséria, antes de tudo, são resultados do egoísmo humano e, neste caso, caberia aos que possuem suas alegrias e mesas fartas, a recuperação daqueles que são penalizados pelos limites da existência.
É preciso o acolhimento e a estreita relação com os pobres para compreender suas necessidades e ajudá-los, a partir de uma nova reestruturação e reorganização humana, a superar em bem da fé no Eterno e a constituição do Reino de Deus, os limites que o mundo lhos impôs.
Ao olharmos nossa vivência humana, poderíamos até nos localizar como não-ricos ou não-nobres no sentido pleno e opulento desses adjetivos, porém estamos imersos neste mundo humano cujas possiblidades de recuperação de cada pessoa à margem da sociedade também é nossa responsabilidade. Neste caso, a resposta que poderíamos dar ao Evangelho de hoje é simples, como nós nos organizamos enquanto sociedade para a recuperação daqueles que sofrem por se encontrarem imersos nos limites sociais?
É uma resposta que deve ser dada na pessoalidade e ao mesmo tempo enquanto comunidade eclesial chamada a sanar esse tipo de mal, criado pela própria humanidade separatista e egoísta.
Deus abençoe nossas vidas.
Coragem!
Pe. Jean Lúcio de Souza