No mês de novembro, nossas comunidades eclesiais são exortadas a refletirem sobre o dízimo, sua fundamentação bíblica e eclesial, seu valor e importância. De fato, ele, qual termômetro de uma comunidade cristã, é expressão de gratidão, partilha e compromisso na missão comum, confiada aos fieis cristãos batizados, de Evangelizar.
Através dele, assumimos, responsavelmente, a sustentação da comunidade eclesial, devolvendo a Deus, para o serviço da Igreja, uma pequena parcela dos próprios bens, dos frutos do trabalho realizado, diante do muito que de Deus recebemos. Em verdade, tudo o que temos, que possuímos, vem de Deus.
É na comunidade eclesial que você é instruído na fé, recebe os sacramentos, participa da santa Missa e é atendido pelos mais variados serviços religiosos permitindo-lhe viver, com frutos, a vida cristã.
Graças então ao seu dízimo, oferecido mensalmente, somado a de tantos outros, obtemos os recursos econômico-financeiros necessários para o provimento da comunidade cristã. Com ele, nossa comunidade melhor se organiza para oferecer a todos os bens espirituais e cumprir a missão de concretizar, na história, o mandato divino: “Ide, fazei de todos discípulos meus” (Mt 28,19-20).
A Palavra de Deus nos ensina: “Cada um dê conforme o impulso do seu coração, sem pena ou constrangimento, pois Deus ama a quem dá com alegria” (2 Cor 9,7). São Paulo não fala, propriamente, de dízimo de dez por cento, nem de um por cento. Ele prefere dizer que o cristão faça sua contribuição “segundo o impulso do seu coração”, ou seja, exerça a “partilha”.
Naturalmente, quem pode mais, ofereça um pouco mais; quem não pode, ofereça, nas suas condições, o que estiver a seu alcance, sempre com gratuidade, amor a Deus e à sua Igreja. Desse modo, você expressa seu desejo de se somar, corresponsavelmente, às necessidades e compromissos que tem a sua comunidade, a sua família na fé.
Quanto à sua destinação, o dízimo visa garantir que a comunidade tenha o necessário para celebrar, para instruir na fé e para manter a sua estrutura paroquial.
Isto implica, entre outros, a aquisição e a manutenção de materiais e objetos litúrgicos, como folhetos, hóstias, livros...; o zelo e o cuidado com a limpeza dos ambientes, como de salas, centros de reunião e de catequese e Igrejas. De mesmo modo, ele é utilizado para a formação de agentes e aquisição de subsídios; para pagamento de contas como de água, luz, telefone, internet, transporte, alimentação, salário de funcionários, côngruas dos padres e diáconos e para iniciativas como de manutenção, reformas e construções de salões e igrejas.
O dízimo também traz uma dimensão missionária, com quinze por cento do seu montante distribuídos, equitativamente, para a formação dos futuros sacerdotes, em nosso Seminário, e para o incremento pastoral e evangelizador em nossa Arquidiocese de Mariana e em nossa Região Pastoral Mariana Norte.
Além disso, ele tem uma dimensão caritativa, ajudando em obras de caridade para suprir necessidades urgentes de pessoas empobrecidas, em iniciativas como de alimentos, remédios, apoio para retirada de documentos, eventualmente alguma conta de luz e outras necessidades sociais, quando não contempladas pelo poder público. Além, sobretudo, de ajudar, regularmente, instituições religiosas e filantrópicas e iniciativas das pastorais sociais, contemplando a ação social da Igreja.
Como pode ver, seu dízimo é algo sagrado que dado com fé, liberdade e consciência eclesial e colocado a serviço, faz, a partir da comunidade, a Evangelização acontecer.
Obrigado a você dizimista consciente. Seu gesto é um belo testemunho de fé. Deus o recompense e abençoe, copiosamente, sua família. A você que ainda não vive essa graça, fica o convite para fazer parte e ver o quanto de bênção esse gesto há de proporcionar à sua vida e à sua família e como haverá de abrir horizontes de mais sentido e realização a tudo aquilo que Deus lhe confia e aos seus, como dom e missão.
Pe. Marcelo Moreira Santiago