Ainda ontem encerrávamos a Jornada Mundial dos Pobres instituída pelo Papa Francisco e hoje, temos diante de nossos olhos, este texto severo e ácido do Evangelho de Lucas. Trata-se de uma advertência da parte de Jesus à comunidade “das sobras” e a realidade dos pobres.
O local é propício, o templo. A situação é caótica, o ciclo entre a riqueza e a pobreza. A expressão de fé liga-se à qualidade da oferta que está entre o que sobra e a entrega de tudo. A proposta é a atenção ao coração que deve se voltar a Deus com humildade e confiança. A oferta verdadeira está não na quantidade do que se doa, mas na intensidade do coração e na realidade sincera do propósito daquele que se aproxima do altar.
O templo que deveria ser o lugar da adoração transforma-se no lugar da humilhação e da exposição do pobre, que, mesmo ocupando o lugar do “nada social”, aplica-se à obediência religiosa, contudo, o faz de coração aberto e cheio de esperança na entrega do tudo de si Àquele que tudo pode, incluindo o cuidado e zelo por aqueles que nada possuem. Do outro lado a abastança gera o desleixo, a entrega daquilo que sobra, lugar da exibição do poder e da ausência de cuidado com os que são pobres.
A situação vista por Jesus exemplifica a dureza dos ricos que se esquecem dos pobres e, exibindo suas grandes ofertas, se esquecem da oferta de um coração humilde e que se preocupa com o zelo e o cuidado dos menos favorecidos.
Os nossos corações são o tesouro de Deus. Não importa ao Senhor o ouro ou a prata, mas importa a Ele o que fazemos com o ouro e a prata, com o dinheiro que se adquire, por isso, a qualidade do que se oferta está ligada à qualidade de nossa existência. Nada importa as grandes doações se o coração se afasta do serviço e do cuidado daqueles que sofrem à beira do caminho. A oferta da viúva, não é a oferta somente de tudo que possui, mas é a oferta de sua máxima confiança em Deus, que a acolhe sem ter olhares críticos com relação à sua pobreza.
Jesus chama-nos a observar a entrega de nossos corações a Deus. Pode-se ofertar muitas riquezas no templo, porém a oferta de si, a oferta de um coração agradável a Deus, um coração de “bom samaritano” que consegue ver quem está quase morto à beira do caminho e que cuida, salva e zela pela vida humana de modo integral é o que importa.
É preciso a abertura de nossos corações à beleza do Evangelho que nos submete ao juízo do amor-doação, que liberta e partilha com os irmãos e irmãs.
Deus abençoe nossas vidas.
Coragem!
Pe. Jean Lúcio de Souza