Irmãos e irmãs,
O testemunho de nossa fé deve seguir em primazia os grandes testemunhos daqueles que nos precederam na fé. Embora nos dias atuais não tenhamos, em nossa brasilidade, uma perseguição mais eloquente dos cristãos e cristãs que nos leve à morte do corpo, temos que dar testemunho do Senhor em outras ambiências, em lugares onde o Evangelho não é mais levado a sério, é esquecido e a prática do bem e da justiça andam esquecidos.
Verdade é que ainda em alguns países falar em Jesus e viver a fé torna-se um risco à vida, no Brasil, sobretudo em nossa cidade de Mariana, o risco à vida se dá noutra perspectiva, se dá onde a vida é ameaçada pela apatia daqueles (as) que, apesar de dizerem crer em Deus, seu crer é vazio de testemunho vivente.
Vivemos na época de cristãos e cristãs “não praticantes”. E quando dizem ou expressam ser não praticantes, não significa a ideia da simples não participação na comunidade ou na partilha do pão Eucarístico, significa a absoluta não adesão ao Evangelho. É justamente aí que nosso testemunho deve ser eloquente, nosso testemunho deve ser assumido com a força de nossos corações. Não se trata de vestir a camisa de estruturas eclesiais e movimentos, mas de assumir com a vida o compromisso de transformação da sociedade civil e eclesial.
Quando agirmos desta maneira levantaremos nossa voz contra a maldade que se implanta no mundo. Seremos alvos de perseguição de em nome da fé que professamos dissermos, com voz forte, sermos contra a ausência de políticas públicas que viabilizem o erguimento dos pobres e menos favorecidos. Seremos perseguidos quando defendermos a vida em todas as estruturas, a vida de todas as pessoas e do meio ambiente. Seremos perseguidos quando em razão do Evangelho continuarmos a acreditar no amor, na misericórdia e na partilha do que somos e possuímos.
Nossa voz, nestas horas, nestes lugares, será a voz do Cristo que busca edificar o Reino de Deus. Nossas crianças serão acolhidas e libertadas de toda violência. Nossos jovens experimentarão um novo jeito de ser juventude, atuante não somente nas alegres festas e nas celebrações animadas dos encontros cristãos, mas serão transformadores da sociedade com olhar crítico, participação eclesial e política na constituição de uma sociedade justa e igualitária. Os adultos serão exemplo de compromisso com a dignidade da vida. Os idosos serão baluartes de nossa fé professada e vivida, onde a experiência eclesial e social serão instrumentos para as gerações futuras.
As famílias serão lugares do encontro primeiro com o Evangelho e difusoras da fé de quem diz e vive o que se diz. Nossas comunidades celebrarão a Eucaristia em uma perspectiva mais ampla, saindo defronte os altares, onde se partilha o Pão Vivo, para partilharem a vida e luta pelo bem e pela justiça onde estiverem plantados. Aí enfrentaremos os “maus”, seremos julgados e nos alegraremos por estarmos no rumo certo de nossa fé.
Deus abençoe nossas vidas.
Coragem!
Pe. Jean Lúcio de Souza