O texto do Evangelho de Marcos continua o texto que meditávamos ontem. Jesus aplica à máxima da impureza dos sábios e entendidos fariseus e mestres da lei uma interpretação que informa seu verdadeiro sentido. Impuro não vem do que nos alimentamos fisicamente, mas do que alimenta nossa alma.
As querelas sobre essas questões permeiam o Evangelho, a teologia, as comunidades e a vida. O que é impuro? Jesus é taxativo!
O que nos torna impuros é justamente aquilo que não nos ilumina a vida, trata-se de tudo aquilo que não é abajur durante nossas noites, mas também aquilo que não é abajur a partir de nós, na vida dos outros. Todas as vezes que tornamos trevas em nossas vidas e na vida dos outros, nos tornamos impuros. É o que habita nossos corações que nos torna homens e mulheres não agradáveis pela fé.
Ser puro não significa ser inatingível por dificuldades que nos coloque frente a escolhas entre o bom e o mau, entre o certo e o errado. Ser puro é saber escolher sempre o que é bom, justo e ético aos olhos da fé. Isto nos torna puros e nos santifica.
A ideia da fonte também serve para compreendermos sobre o impuro e o puro.
Dia após dia seremos convidados a retirar de nossos corações tesouros que serão distribuídos aos irmãos e irmãs sobre o chão deste mundo. É a escolha pessoal sobre o que deixamos sair de nossos corações como fonte de água, se nossa fonte distribuir água limpa que é capaz de colaborar para o bem saciando os irmãos e irmãs com as obras de paciência, bondade e mansidão, descobrimos nosso lugar enquanto filhos e filhas de Deus.
Por outro lado, se nossos corações são um esgoto a céu aberto entregando ao mundo apenas podridão e sujeira interior, já compreendemos que é isso nos torna impuros.
Mas, há algo que me chama atenção: sempre haverá possibilidade de um “coração-esgoto” ser tratado. Sempre haverá possibilidade aos corações maus, pessimistas, preconceituosos, ambiciosos, fraudulentos serem renovados na fé que brota do Evangelho: quem tiver ouvidos para ouvir, que ouça... É ouvindo o Evangelho e vivendo o amor que se recupera um coração que se tornou um esgoto com pernas.
Coragem!
Lembremos sempre: Deus é bom e Ele cuida de nós!
Pe. Jean Lúcio de Souza