Nesse ano, especialmente no período litúrgico da Quaresma, a Igreja no Brasil, em sua Campanha da Fraternidade, contempla a ecologia integral, registrando, entre outros, os 10 anos da encíclica do Papa Francisco Laudato Si e os oitocentos anos do Cântico de São Francisco de Assis sobre as criaturas.
Trata-se de um tema emergencial. Vivemos imersos numa insegurança quanto ao presente e ao futuro de nosso planeta, nossa casa comum. Cresce a insegurança climática, presenciamos o derretimento de geleiras, o aumento constante da temperatura global, enfrentamos catástrofes ambientais em todo planeta como de fortes chuvas, inundações, incêndios que fogem ao controle, tufões, desertificação do solo, ... tudo a uma velocidade que assusta.
Precisamos de conversão ecológica, mudando hábitos e estruturas de produção. Em cheque, está o modo como nos relacionamos com todo o criado. Tudo está interligado. A natureza precisa de nós e nós precisamos da natureza. Não podemos achar que estamos fora da natureza. Nós fazemos parte dela.
Depois de criar todas as coisas e, por fim, a criatura humana, homem e mulher, “Deus viu que tudo era muito bom” (Gn 1,31) e logo confiou ao ser humano a sua obra criadora. Deu-nos o mundo não para o explorar à exaustão, mas para sermos cuidadores dele, de modo que ela possa prover, em todos os tempos, as necessidades dos seres vivos.
A gente olha o meio ambiente e vê tanta destruição; a gente olha o meio social e vê violências, injustiças, preconceitos, exclusões... Temos muito por onde avançar em vista do mundo desejado por Deus para a vida de seus filhos e filhas e para toda a obra de sua criação: um mundo bonito para uma humanidade feliz.
Ainda é tempo. Precisamos nos mexer, criando alternativas que viabilizem a vida no planeta. Não temos outro planeta terra, essa é a nossa casa e todos somos corresponsáveis por ela, para que continue acolhedora e a todos possa prover.
O Papa Francisco se mostra incansável em nos alertar e em nos estimular a dar passos significativos na defesa da vida humana e do planeta. Temos que ouvir o clamor dos pobres e da terra; mudar a lógica da exploração predatória para a lógica do cuidado; convertermo-nos de uma economia voltada para o lucro para uma economia voltada para a vida; de produzir para o consumo responsável e não em vista de um consumismo desenfreado; de usar o progresso e a técnica na busca de alternativas socioambientais de preservação e sustentabilidade do planeta. Essa consciência ética e de cidadania, pautada em bases cristãs, deve se alargar entre nós.
Somos guardiões da criação. Precisamos estar atentos aos perigos constantes que ameaçam a vida humana e a integralidade do planeta. A mudança de vida que vem pela ecologia integral está a exigir, de nós e da sociedade, gestos e ações de cuidado para com a casa comum na busca por garantir um mundo viável já no presente e, em especial, para as futuras gerações. Você não pode ficar fora dessa, faça a sua parte, escolha a vida.
Pe. Marcelo Moreira Santiago