Caros irmãos e irmãs
Sábado, dia de reverenciarmos a Memória da Bem-aventurada Virgem Maria, Mãe de Deus e nossa!
Neste sábado, contemplamos com a ajuda do olhar da Comunidade de Marcos esta cena aflitiva. São simbolicamente 3 (três) dias com Jesus, de certo, seu suprimento estaria se esgotando ou já teria acabado. A compaixão de Jesus, seu “adoecer com”, seu “sofrer com”, ter diante de si uma aflição pelos que perecem pelo caminho sem ter o que se alimentar. O olhar de Jesus supera as expectativas porque se dirigindo aos discípulos Ele os chama a ater-se à mesma compaixão, mas parece que o recado não foi muito bem compreendido, pois perguntam: como poderia alguém saciá-los de pão aqui no deserto?
Uma mistura complicada: multidão, deserto, fome e escassez de alimento... de fato, é para assustar!
A multidão que se aninha perto de seu Pastor quer se alimentar da esperança que se abre com a acolhida de Jesus. Ele não rechaça ninguém, todos vêm ao seu encontro e esperam muito deste encontro. Saem vazios de suas casas com a vontade de serem saciados pelo Pão Vivo descido dos céus. Jesus alimenta a multidão e ela está animada com esse alimento, são três dias ouvindo, observando, aprendendo, gente de todos os lados, de todo jeito, gente igual a gente com suas alegrias e tristezas, com suas graças e dificuldades pessoais. Ela está ali, a multidão que no deserto de sua existência ainda carece da materialidade do pão.
No deserto, além de se encontrar com os limites humanos inerentes a cada pessoa, eles ainda se encontram famintos. O pão, de certo, havia acabado nesse período de três dias. Jesus percebe. Igual a Maria que percebeu a falta de vinho dos noivos em Caná (João 2). Será que alguém chegou perto de Jesus e disse sussurrando baixinho em seu ouvido, “eles não têm mais pão”!?
Jesus é tomado pela compaixão. Esse movimento não é para amadores. Compaixão não é ter pena, ter “dó” como diz nosso povo, ter compaixão é um movimento raro de nossa humanidade. É o ato de descer à miséria humana, olhar nos olhos de quem padece algo e tirar de todas as possibilidades possíveis, algo que, pela fé e pela ação, possa provocar a mudança naquele momento de aflição.
Quantos pães tendes? Jesus conta com o que temos, não pede nada além disso. O que temos? De nossa resposta – sete pães – ou seja, o tudo que temos, sem reservas, Ele transforma em abundância e graça. Todos são saciados, todos ficam revigorados, podem regressar às suas casas sem medo, podem voltar para suas histórias saciados. Doravante os discípulos compreendemos que sermos saciados significa deixar-se alimentar no deserto de nosso existir, mas ao mesmo tempo, descer à realidade das misérias humanas e tendo compaixão, retirarmos do tudo que temos em favor daqueles que nada têm.
Coragem!
Deus é Bom e Ele cuida de nós!
Pe. Jean Lúcio de Souza