A missão ao lado de Jesus é uma subida, por vezes, escarpada. Lembro Santa Teresinha do Menino Jesus que deu o nome de pequena via à subida, mas a pequenez da via exige coragem e força na fé. A subida é sempre mais complexa quando nos empenhamos em realizá-la sem o propósito que emana do Evangelho e de nosso encontro cotidiano com Jesus. Ela é íngreme, mas se com Jesus, será nossa estrada para o céu.
Não estamos nos encaminhando para “um sem lugar”, nos encaminhamos para edificação do Reino de Deus com sua beleza.
Hoje gostaria de meditar o texto do Evangelho a partir de tantos homens e mulheres de nossas comunidades que escolheram seguir Jesus, naquela subida especial com suas cruzes às costas, cada um segundo seu estado, e aplicando suas vidas ao discipulado. Pessoas de várias idades, de tempos diferentes, posturas múltiplas, sonhos variados, desafios personalizados, brancos e negros, ricos e pobres, com seus carismas e dons sempre postos à disposição da comunidade eclesial. Cada um, a seu modo, ouviu o chamado de Jesus e todos os dias toma sua cruz e sai em seguimento do Senhor.
Penso nos coordenadores e coordenadoras das comunidades, homens e mulheres, cujas funções os levam, por vezes, a transformar suas comunidades em uma extensão séria e viva de suas próprias famílias. Servem a Deus ali, sendo um pouco pai ou mãe, sendo irmãos e irmãs, sendo servidores que acolhem uns aos outros e impulsionam suas comunidades à unidade com a Igreja estabelecida em sua Paróquia e Arquidiocese. Aprendem a beleza de abrirem-se ao amor de Deus e comunicá-lo aos outros servindo. Tantas vezes tiveram que renunciar a si e aos seus em favor de suas missões. É uma alegria tê-los como servidores em nossas comunidades e saber o quanto o amor de vocês ao Cristo e seu Evangelho tornou-se bandeira de seu discipulado.
Penso nos agentes de pastoral. Tantos e tão múltiplos quanto seus carismas a serviço de todos nas pastorais, movimentos (mãe admirável, cenáculo, legionários e legionárias, apostolado da oração, vicentinos, terço dos homens), ministérios, corais, equipes que se formam aqui e ali para um evento paroquial, como ocorre com nossa querida Festa da Caridade, grupos de oração, grupos de reflexão. Olhar o serviço de cada um de vocês em nossa paróquia é motivo de louvar e bendizer a Deus porque embora os trabalhos, às vezes, atordoam, vocês não desistem, são fortes e perseverantes com suas cruzes às costas seguindo a Jesus, iluminados pelo Espírito Santo de Deus.
Deixam tudo e tantos para seguir Jesus. Aquele horário da Catequese, onde os ministros desta atividade se empenham em aprender, em comunicar a boa nova e em acolher as crianças, os jovens e os adultos, propondo-lhes Jesus, caminho, verdade e vida. Os Ministros Extraordinários da Comunhão Eucarística, tão zelosos com o Altar do Senhor e com o Cristo vivo na Eucaristia e nos irmãos e irmãs enfermos.
Pastoral familiar estando próxima de quem inicia a caminhada matrimonial, acompanha as famílias em suas dores e limites, promove encontros e reencontros. Pastoral Carcerária embasada no ministério do Cristo encarcerado – estive preso e foste me visitar – superam críticas, enfrentam dificuldades, aplicam-se não em observar o crime, mas em se encontrar com o Cristo em cada encarcerado e encarcerada. Pastoral com as pessoas em situação de rua... ouvir e aliviar a fome e a indiferença, que missão linda. Grupos de Oração e Grupos de Reflexão cada um com o mesmo desejo de que o Cristo Palavra seja cada vez mais amado, comunicado e vivenciado. Vicentinos que se dirigem aos pobres do Reino, Legionárias em suas visitas em companhia de Maria, Apostolado da Oração orante, penitente e vocacionado ao Coração terníssimo de Jesus. Jovens em Cristo para os Jovens de Cristo, um ministério louvável por aqui.
A Liturgia e seus corais, amigos e amigas da celebração da Eucaristia agindo com coerência, expressam seu amor ao Cristo – corpo partido e sangue derramado – atentos aos movimentos do tempo litúrgico, à proclamação viva e bela da Palavra do Senhor. Cada canto uma responsabilidade com um momento na liturgia, cada acorde uma sonata aos corações que celebram juntos, em cada voz o simbólico da alegria que nos chama a celebrar: Venham, venham todos!!! Cada salmista com seu empenho louvável em deixar que, por sua voz, os louvores, os lamentos, as esperanças dos salmos nos sejam comunicados.
Tantas e tantas mãos operantes, que me encabulam. O desejo de todos vocês em se aproximar do Cristo Jesus em cada pessoa que Ele entrega a vocês para que delas, cada um de vocês, cuidem como pastores...
As equipes que são formadas para as atividades paroquiais e a mais bela de todas, por seu santo propósito: a Festa da Caridade! Quanta alegria em vê-los todos no antes, durante e depois, em um único desejo: dai-lhes vós mesmos de comer. A Festa da Caridade é nossa resposta comum, nosso empenho de unidade para dar um pouco de dignidade a quem nos pedir ajuda.
Em cada atividade queremos dizer em alto e bom tom, Deus nosso, não nos envergonhamos de Vós, mas é que às vezes a cruz pesa. Às vezes Senhor, aqui dentro de nós não compreendemos muito bem o teor total de nossa missão, às vezes, um ou outro de nossas famílias também não compreende. Ainda não sabemos lidar bem com as decepções que surgem na missão. Sabemos que seríamos perseguidos quando nos enveredamos pela alegria do Evangelho vivo, mas tem hora que alguma coisa por aqui pode teimar em vacilar. Por favor, não nos deixes perder o carisma e nem o caminho. Acaso, se a travessia pesar, acalme nossas tempestades, perdoe nossos limites e incompreensões. Não é que queremos desistir, é que às vezes, mesmo com o Senhor dentro da barca a gente corre o risco de se desesperar.
Queremos continuar a edificar o Reino de Deus convosco Senhor, sim, queremos, e nossas cruzes são assim, iguais à vossa cruz, são cruzes... cada um com a sua, são tão nossas quanto a do Senhor foi vossa. Apenas nos ensine vossa elegância no trato com a cruz, apenas não nos deixe largá-la pelo caminho...
Coragem irmãos e irmãs!
Deus é Bom e Ele cuida de nós.
Obrigado a todos!!!
Pe. Jean Lúcio de Souza