Nem sempre o caminho é claro ao longo da viagem da vida. Nesse percurso, recebemos indicações, sugestões, orientações, propostas. Como discernir as indicações boas das indicações más, as que nos dão pistas certas e as que nos lançam por caminhos sem saída? Todos os que se apresentam como “guias” são dignos da nossa confiança? A Palavra de Deus que a liturgia deste domingo nos propõe nos convida a refletir sobre isto.
A primeira leitura nos oferece um conselho muito prático, mas também muito sábio: não julguemos as pessoas pela primeira impressão, pela forma como se apresentam ou por suas atitudes, mas, deixemos elas falarem, escutemos o que dizem, pois as palavras revelam, mais tarde ou mais cedo, a verdade ou a mentira que há em cada coração.
A segunda leitura nos traz a conclusão de uma catequese do apóstolo Paulo sobre a ressurreição dos mortos. Recorda que Jesus ressuscitou, que n’Ele recebemos vida nova e que a ressurreição, a vida plena, é a meta final do caminho para aqueles que se deixam guiar por Jesus e que vivem de acordo com o seu Evangelho. Em sua exortação nos pede para sermos firmes e inabaláveis na fé, empenhados na obra do Senhor, certos de que as nossas fadigas não são em vão (v.58).
No Evangelho Jesus põe os seus discípulos de sobreaviso contra os “guias cegos”, arrogantes e prepotentes, sedentos de protagonismo, cujo interesse está nos seus projetos pessoais e não no bem dos seus irmãos e irmãs. Os caminhos que eles apontam não levam à vida. Os discípulos poderão detectar esses “falsos mestres” pelas suas ações e pelas suas palavras, que acabam por revelar os interesses inconfessáveis que escondem no coração. Se as propostas que nos apresentam não estão em linha com as propostas de Jesus, esses “guias” não devem ser escutados. Isso vale também para nós: correremos o risco de sermos “guias-cegos”, se não alcançarmos a grandeza do Mestre, ou seja, se não assumirmos seu estilo de vida.
A boca fala do que o coração está cheio. O que tenho dito, com palavras e ações, a cada dia? Como está meu coração? Sou firme na fé, empenhado na obra de Deus? No testemunho de minha fé, cultivo um olhar e um coração misericordiosos, como o é o de Deus?
Ó Deus, concede-me a coragem de tirar a trave do meu olho para que com clareza de visão eu possa ser sinal de tua luz para os meus irmãos e irmãs. Que eu viva com maturidade a minha fé e, em meu coração, associado ao teu coração misericordioso e compassivo, eu produza frutos bons de vida, verdade, justiça e paz. Amém.
Pe. Marcelo Moreira Santiago