Na primeira leitura, do Livro do Eclesiástico, o autor sagrado vê o cumprimento da Lei como culto a Deus. Ele relaciona o compromisso ou a santidade de vida com o rito de oferta no templo. Ao mesmo tempo que apela para a generosidade nas ofertas ao Senhor, lembrando que “ninguém se apresente diante de Deus de mãos vazias”, porque “o Senhor retribuirá a dádiva, recompensar-te-á de tudo, sete vezes mais” (v. 7). Assim ele nos oferece uma catequese completa sobre os sacrifícios. O piedoso israelita não deve descuidar das oblações prescritas na Lei. Os sacrifícios de animais, no Templo, devem ser feitos com generosidade e alegria: “não regateies as primícias das tuas mãos. Faz todas as tuas oferendas com semblante alegre, consagra os dízimos com alegria” (vv. 7b-8). É esse o objetivo principal da Lei. Contudo é necessário estar atento ao próximo, porque o bem que se faz aos outros também é sacrifício agradável a Deus. Dar esmolas equivale a um sacrifício de louvor a Deus.
No Evangelho, o discurso de Jesus, depois de se encontrar com o homem rico, deixou os discípulos apavorados. Pedro toma a palavra para tentar clarificar a confusão que se abatera sobre todos: que será de nós que “deixamos tudo e te seguimos”? (v. 28). Jesus lhes garante que Deus não se deixa vencer em generosidade. Acolherá na vida eterna aqueles que, deixando tudo, O seguem; mas também lhes permite usufruir, desde já, da riqueza dos seus dons, e estará com eles para os apoiar nas perseguições. Marcos faz uma lista detalhada dos bens de que os discípulos podem, desde já, usufruir, e conclui com a máxima sobre os primeiros e os últimos no Reino (Mt 19,30;20,26; Lc 13,30). É uma exortação também a nós, seus discípulos hoje, para estarmos atentos contra as falsas seguranças, empenhando-nos num permanente esforço de conversão. O que mais vale é a oferta da nossa vida, na fidelidade à vontade de Deus, na generosidade em seguir os seus ensinamentos.
Alimento minha vida cristã, regularmente, na liturgia da Igreja, com uma vida orante e sacramental, com a participação nas celebrações eucarísticas? Faço destes momentos um sacrifício agradável ao Senhor, educando o meu coração na partilha, na fraternidade e na caridade? Estou consciente que o amor a Deus se prova no amor ao próximo, na alegria em servir? Minha vida se pauta na fidelidade em fazer a vontade de Deus?
Nós Te bendizemos, Deus Pai, por preparar para nós o mundo e nos chamar à vida, por nos revelar o teu amor paterno e materno. Nós Te bendizemos, Deus Filho, que entraste na nossa história e nos salvaste, participando no desígnio de amor do Pai para toda a humanidade. Nós Te bendizemos, Deus Espírito Santo, porque és a força que nos abre os olhos para vermos a verdadeira história escondida sob as aparências do dia a dia, e os milagres que nos acontecem e em nosso mundo. Deus, Pai, Filho e Espírito Santo, aceita o dom que, com particular fervor, Te fazemos hoje, de nós mesmos e de tudo o que temos e fazemos, como oblação à tua glória. Glória a Ti para sempre! Amém.
Para repetir, com o salmista: “A todo aquele que procede retamente, eu mostrarei a salvação que vem de Deus” (Sl 49,23).
Pe. Marcelo Moreira Santiago