RETIRO QUARESMAL PAROQUIAL. REFLEXÃO DIÁRIA. 26 de março. Quarta-feira da 3ª Semana da Quaresma: Dt 4,1.5-9; Sl 147; Mt 5,17-19.

- O Evangelho do dia nos ajuda a descobrir a mensagem central, essencial e sumamente importante ali presente.

• Se não quisermos correr o risco de cair no legalismo, perdendo aquilo que, de verdade, Jesus desejava para as comunidades cristãs, precisamos nos ater à explicação que São Mateus faz da atitude de Jesus frente à Lei.
• “Vim para lhe dar plenitude”, diz Jesus.

- Jesus não se limita a analisar os detalhes da Lei, nem a criticar alguns preceitos, mas sim a iluminá-la e a dar-lhe um sentido profundo.

- Esta plenitude não significa melhorar a Lei, vestindo-a com nova roupagem.

• A plenitude que o Evangelho nos apresenta não vai na direção de “maior perfeição” da Lei, mas de uma mudança radical: Jesus mesmo é a plenitude da Lei.

- A pessoa de Jesus, sua identidade, sua mensagem, sua maneira de viver é a Lei mesma em sua plenitude.

• Acolhê-lo, crer nele, identificar-se com ele, vivendo como discípulos seus, tudo isso nos torna “grandes no Reino dos céus” (Mt 5,19).

Pedido de graça da semana:

Senhor, ajude-nos a sempre mais nos identificar

com Jesus Cristo, a fim de que possamos viver

com fidelidade a serviço da vida.

“Quem praticar e ensinar estes mandamentos

Será considerado grande no Reino dos céus” (Mt 5,19)

- Os evangelistas deixam claro que Jesus não vive centrado na Lei.

• Não se dedica a estuda-la, nem a explica-la a seus discípulos.

- Ele não se mostra preocupado em observar a Lei de maneira escrupulosa.

• Não se trata de uma atitude contra a Lei, mas esta não ocupa um lugar central em seu coração.
• Jesus não foi contra a Lei, mas foi além da Lei.
• Ele nos diz, então, que temos de ir além da letra, da pura formulação, até descobrir o espírito da Lei: “A Lei mata, o espírito vivifica” (2Cor 3,6).

- O Evangelho deste dia nos revela um Jesus que vem para dar plenitude à Lei, mas essa plenitude está muito distante do mero cumprimento externo.

• Supõe ir mais adentro, mais a fundo, examinando nossas atitudes, nossas razões, nossos sentimentos e tudo aquilo que nos constrói e nos define como pessoas.
• Falamos aqui da “Lei interna da caridade”...

- Viver a partir do “coração” significa viver a partir do amor que nasce da fonte de nossa originalidade e de nossa identidade.

• A nova situação inaugurada por Jesus não é como a antiga aliança, a aliança da lei exterior ao ser humano.
• É, pelo contrário, a aliança da interioridade, a situação que se define pelas atitudes que brotam do coração.

- Nesse sentido, o Sermão da Montanha não é Lei, mas Evangelho, Boa nova.

• Esta é a diferença entre a Lei e o Evangelho: A Lei deixa a pessoa abandonada às suas próprias forças, impõe preceitos a cumprir, ameaça, premia, exige empenho.
• O Evangelho, no entanto, coloca a pessoa diante do dom de Deus, faz-lhe conhecer seu Pai, converte-a em filho/a, transforma-a por dentro e, principalmente, não a obriga a nada.
• No amor não há imposição, mas acolhida.

Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus 5,17-19

- Leia o Evangelho, sem pressa. Procure saborear o que ele diz... entrar na cena, registrada por São Mateus... Deixe-se conduzir pelo Espírito ao deserto de seu interior...

- Os ensinamentos de Jesus são uma novidade radical que desconcerta os seus ouvintes.

• O texto que hoje escutamos, nos faz entrever as interrogações que suscitava e a delicada posição dos primeiros cristãos diante do judaísmo.

- São Mateus, que escreve para uma comunidade judeu-cristã, apresenta Jesus como um novo Moisés que promulga a nova lei, as Bem-aventuranças.

• Isso não significa que a Lei e os Profetas são abolidos. Pelo contrário, atingem, em Cristo, o pleno cumprimento.

- Durante séculos, ajudaram Israel a se preparar para a comunhão com Deus.

• Agora, essa comunhão é oferecida, por graça e em plenitude, porque, em Jesus, Deus se faz Emanuel - Deus-conosco.

- Os velhos preceitos permanecerão como norma perene. É o que Jesus afirma, com autoridade, com a expressão “em verdade...” (v. 18).

• Nem os menores sinais da Lei serão invalidados.
• Pelo contrário, da sua observância ou não observância dependerá a sorte definitiva de cada um.

- Vivo com formalismo e exterioridade a minha fé, ou ela se vê inscrita no meu interior, convocando-me ao amor? Percebo a lei de Deus inscrita em meu coração? Como tenho vivido os preceitos divinos? Deixo-me conduzir pela lei do amor que aponta para Jesus, convocando-me ao amor ao próximo?

- Converse com Deus... Deixe a graça de Deus “trabalhar” em você... Acolha, com abertura, as palavras do Evangelho deste dia... Reze confiante:

Senhor Jesus,

ensina-me, mais uma vez, que a liberdade verdadeira,

e a felicidade duradoura, consistem na vivência do amor,

que se faz dom generoso e incondicional,

que se faz obediência humilde e alegre.

Infunde em mim a tua força, o teu Santo Espírito,

para que eu cumpra a Lei Antiga e Nova,

não em atitude de escravo, mas de filho,

em atitude de pessoa humana verdadeiramente livre.

Assim, a vontade do Pai tornar-se-á para mim,

como foi para Ti, alimento saboroso

que me fará progredir na liberdade e na felicidade.

Ajuda-me a ser livre

e a fazer livremente aquilo para que me criaste,

para que jamais volte a cair

na escravidão e na infelicidade.

Não se faça o que eu quero,

mas o que o Pai quer de mim.

Amém.

- Pergunte-se: Em que a Palavra de Deus hoje me ajuda a viver? Que respostas de vida, Ele me pede?

- O homem é o eterno peregrino da liberdade e da felicidade. Para isso foi criado.

• Contudo, ele pode entender mal a liberdade e a felicidade e, em vez delas, encontrar a escravidão e a infelicidade.

- Jesus deu uma preciosa orientação aos seus discípulos: “Se permanecerdes fiéis à minha palavra, sereis verdadeiramente meus discípulos, conhecereis a verdade e a verdade vos tornará livres” (Jo 8, 31-32).

• Portanto, o ponto de partida e o caminho para a liberdade e felicidade é a escuta da Palavra e o cumprimento humilde e obediente dela.

- O encontro com a Palavra e a obediência a ela nos levam à verdade do amor, à liberdade, à felicidade.

• De fato, o encontro com a Palavra é encontro com Jesus, que é o Caminho, a Verdade e a Vida, a suprema Felicidade.

- Não se trata de cumprir muitas leis e preceitos, mas de seguir Jesus.

• Com Jesus, e como Ele, aprendemos o amor oblativo, o amor que sempre procura e encontra novas formas para se dar.
• É esta atitude que nos revela como homens novos, em Cristo.

- Jesus está conosco e n'Ele encontramos a plena liberdade e felicidade, na obediência aos preceitos antigos e novos, que se resumem no amor a Deus e ao próximo...

• Um amor que se faz dom gratuito e livre, em todas as circunstâncias.

- Termine sua oração com preces espontâneas e dando graças a Deus por esse momento... louve, suplique, agradeça...

- Reze a oração do Pai-Nosso e, a seguir, reze aoração da CF-2025:                   

Ó Deus, nosso Pai,

ao contemplar o trabalho de tuas mãos, viste que tudo era muito bom!

O nosso pecado, porém, feriu a beleza de tua obra,

e hoje experimentamos suas consequências.

Por Jesus, teu Filho e nosso irmão, humildemente te pedimos:

dá-nos, nesta Quaresma, a graça do sincero arrependimento

e da conversão de nossas atitudes.

Que o teu Espírito Santo reacenda em nós a consciência da missão 

que de ti recebemos: cultivar e guardar a Criação,

no cuidado e no respeito à vida.

Faz de nós, ó Deus, promotores da solidariedade e da justiça.

Enquanto peregrinos, habitamos e construímos nossa Casa Comum,

na esperança de um dia sermos acolhidos na Casa que preparaste

para nós no Céu. 

Amém!

- Não esqueça, registre no seu “caderno de vida” os sentimentos despertados pelo encontro de hoje com o Senhor: alegrias, conforto, resistências, medos, libertação... novos propósitos...

Pe. Marcelo Moreira Santiago