RETIRO QUARESMAL PAROQUIAL. REFLEXÃO DIÁRIA. 27 de março. Quinta-feira da 3ª Semana da Quaresma: Jr 7,23-28; Sl 94; Lc 11,14-23.

- Jesus sempre foi presença desconcertante: sua vida desconcertava a todos e seu modo original de falar e agir despertava as mais diferentes reações.

• Normalmente as multidões ficavam encantadas e admiradas, porque viam n’Ele aquilo que todo ser humano busca: liberdade, vida plena, relações sadias com as pessoas, uma nova imagem do Deus Pai.

- Admiradas de seu ensinamento e de sua capacidade de “destravar vidas”, buscavam-no com intenso desejo.

• Maravilhadas, eram capazes de reconhecer que Deus atuava nele.

- Por outro lado, a presença e a liberdade de Jesus desconcertavam também aqueles que estavam apegados ao legalismo e à religião que desumanizava.

• Jesus desconcertou aqueles que o acusavam de “blasfemo”, de “belzebu”, de “escandaloso”.

-  Até o final de sua vida, Ele desconcertou, e assim o fez porque assumiu uma postura diferente ante o contexto social, religioso e político no qual viveu.

• Jesus não se “encaixou” em nenhum grupo e deixou transparecer sua liberdade frente às leis, às tradições de seu povo, ao templo, aos poderes.
• Por isso, Ele foi incompreendido e rejeitado...

Pedido de graça da semana:

Senhor, ajude-nos a sempre mais nos identificar

com Jesus Cristo, a fim de que possamos viver

com fidelidade a serviço da vida.

“... as multidões ficaram admiradas; outros,

para tentar Jesus, pediam-lhe um sinal” (Lc 11,14.16)

- Jesus revelou-se desconcertante a todos porque colocava o ser humano no centro de sua missão.

• Ele tornou-se surpreendente porque não se conformava com a situação injusta imposta aos mais fracos e sofredores.
• Com sua liberdade provocativa deixava de lado as mazelas sustentadas pelo encarregados da religião, os fariseus, sacerdotes do templo e escribas.

- Jesus impressionava, surpreendia, ousava, a partir da sua relação com Deus, que lhe dava “autoridade” para denunciar todo tipo de poder que desumanizava.

• Segundo o modo de ser e de proceder de Jesus, o que mais nos desumaniza é viver com um "coração fechado” e endurecido, um “coração de pedra”, incapaz de amar e de abrir-se ao novo.

- Quem vive “fechado em si mesmo”, não pode acolher o Espírito de Deus, não pode deixar-se guiar pelo Espírito de Jesus, pois acredita que quem trabalha em favor da vida “é pelo poder de Belzebu”.

• Quando o nosso coração está “fechado”, em nossa vida não há mais compaixão e passamos a viver indiferentes à violência e à injustiça que destroem as relações entre as pessoas.
• Passamos a viver separados da vida, desconectados.
• Uma fronteira invisível nos separa do Espírito de deus, que tudo dinamiza e inspira.

- Para quem vive assim, é impossível sentir a vida como Jesus sentia.

• Quem assume atitudes de indiferença, tem medo do diferente, e a vida vai se atrofiando.

- Em um coração petrificado, o Espírito não tem liberdade de atuar e dessa resistência à ação do Espírito brotam também as doentias divisões internas, atrofiando nossas forças criativas e nos distanciando da comunhão com tudo e com todos.

- Assim como Jesus agia pela força do Espírito, do mesmo modo, só quem se deixa iluminar pelo Espírito pode agir como Jesus.

• Quem se fecha ao Espírito se torna incapaz de discernir a manifestação da misericórdia de Deus em Jesus.

Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas 11,14-23

- Leia o Evangelho, sem pressa. Procure saborear o que ele diz... entrar na cena, registrada por São Lucas... Deixe-se conduzir pelo Espírito...

- Jesus tinha acabado de ensinar aos seus discípulos o “Pai nosso”, a oração modelo de toda a oração cristã, a oração que abre o coração ao Espírito Santo (v. 13).

• Agora acontece uma cura feita por Jesus. O povo simples se enche de admiração. Mas há quem pense de modo diferente (v. 14s.).

- Temos assim, duas atitudes contrastantes:

• Uns ficam admirados porque intuem uma extraordinária presença de Deus no mundo;
• Outros acusam Jesus de blasfémia e de aliado do diabo.

- Jesus responde de modo incisivo, deixando os ouvintes concluírem que Satanás não combate contra si mesmo.

• Sendo assim, a conclusão só pode ser a dos simples: está aí o dedo de Deus.

- Para que não restem dúvidas, o próprio Jesus conclui: “o Reino de Deus já chegou até vós” (v. 20).

• A expulsão dos demônios prova essa presença do Reino, prova o começo de uma nova época de liberdade para quem acolher a alegre notícia trazida por Jesus (v. 23).

- Reconheço em Jesus, o Salvador e, com Ele, a instauração do Reino de Deus? Como aquele homem curado, de que preciso ser curado? Confio que Deus pode me curar? Sou aberto ou resistente à graça de Deus, à ação de seu Santo Espírito? ...

- Converse com Deus... Deixe a graça de Deus “trabalhar” em você... Acolha, com abertura, as palavras do Evangelho deste dia... Reze confiante:

Senhor Jesus,

enche-nos de consolação sabermos que és o mais forte,

e que, Contigo, não há dificuldade ou provação

que não possamos vencer.

Diante de Ti, o Demônio não passa de ' um pobre diabo',

e o mundo é vencido, porque Tu o venceste.

Vem a nós na tua Palavra poderosa;

vem a nós na Eucaristia, pão dos fortes.

Faz em nós a tua morada e fica conosco, Senhor.

Que jamais nos separemos de Ti!

 Amém.

- Pergunte-se: Em que a Palavra de Deus hoje me ajuda a viver? Que respostas de vida, Ele me pede?

- “Ouvi a minha voz”, diz-nos o Senhor. A Palavra do Senhor é caminho de intimidade com Ele: “Eu serei o vosso Deus e vós sereis o meu povo”.

• A Palavra do Senhor é caminho de felicidade: “Segui sempre a senda que vos indicar, a fim de que sejais felizes”.

- Mas, desde sempre, os homens procuraram pretextos para não escutarem a Palavra de Deus:

• “Eles não me ouviram, não prestaram atenção, seguiram os maus conselhos dos seus corações fechados”.
• Mesmo quando a Palavra se fez carne e habitou entre nós.

- Para não ouvirem Jesus, alguns deformaram a realidade e o acusaram de expulsar demônios com o poder do demônio.

• O “pai da mentira” sugere pensamentos errados, insinua dúvidas e suspeitas.

- Sem acolher a Palavra de Deus, o homem não dispõe da luz necessária para não se perder e seguir com segurança no caminho da felicidade.

• Sem a Palavra de Deus, o homem não dispõe da força necessária para vencer...

-  A Palavra de Deus, em última instância, é Jesus, o vencedor do demônio.

• Por isso, pode afirmar: “Quem não está comigo, está contra mim, e quem não junta comigo, dispersa» (v. 23).

- Escutemos, pois, a Palavra do Senhor, e ponhamos nela a nossa esperança, nos combates da nossa vida.

• Se escutarmos o Senhor, recolheremos com Ele.

- Conforta-nos saber que Jesus é mais forte que o demônio, mais forte que o mundo, mais forte do que qualquer tentação.

• Com Ele, a vitória é certa, apesar da dureza das batalhas. Afinal: só Ele é o Senhor!

- Termine sua oração com preces espontâneas e dando graças a Deus por esse momento... louve, suplique, agradeça...

- Reze a oração do Pai-Nosso e, a seguir, reze a oração da CF-2025:  

Ó Deus, nosso Pai,

ao contemplar o trabalho de tuas mãos, viste que tudo era muito bom!

O nosso pecado, porém, feriu a beleza de tua obra,

e hoje experimentamos suas consequências.

Por Jesus, teu Filho e nosso irmão, humildemente te pedimos:

dá-nos, nesta Quaresma, a graça do sincero arrependimento

e da conversão de nossas atitudes.

Que o teu Espírito Santo reacenda em nós a consciência da missão 

que de ti recebemos: cultivar e guardar a Criação,

no cuidado e no respeito à vida.

Faz de nós, ó Deus, promotores da solidariedade e da justiça.

Enquanto peregrinos, habitamos e construímos nossa Casa Comum,

na esperança de um dia sermos acolhidos na Casa que preparaste

para nós no Céu. 

Amém!

- Não esqueça, registre no seu “caderno de vida” os sentimentos despertados pelo encontro de hoje com o Senhor: alegrias, conforto, resistências, medos, libertação... novos propósitos...

Pe. Marcelo Moreira Santiago