- Estamos no final do capítulo 8 do Evangelho de São João.
- As palavras, por natureza, são ambíguas.
- Esta é uma grande verdade: com as palavras, nós nos humanizamos ou nos desumanizamos; através da palavra criamos ou destruímos, nomeamos ou eliminamos...
Pedido de graça da semana:
Senhor, inspirado em sua presença misericordiosa,
possa reacender em meu coração
uma “faísca” desta sua misericordiosa.
“Se alguém guardar a minha palavra, não morrerá nunca” (Jo 8,51)
- As palavras de Jesus não encontram ressonância nos corações petrificados dos judeus.
- Suas palavras parecem duras, mas transmitem vida, fazem viver, pois contém o Espírito de Deus.
- Também hoje, as palavras de Jesus continuam nos provocando, chamando, “des-velando” nossas incoerências e contradições internas.
- As palavras de Jesus são palavras que de seguimento e de radicalidade, de paixão e de entrega, de morte e de vida.
- As palavras de Jesus são palavras que despertam o melhor que há em nosso interior, humanizando-nos e humanizando nossas relações.
- De fato, as palavras de Jesus não podem ser domesticadas, nem manipuladas, segundo os nossos interesses...
Evangelho de Jesus Cristo segundo São João Joâo 8,51-59.
- Leia o Evangelho, sem pressa, procurando saborear as palavras de verdade proclamadas por Jesus. Deixe-se impactar pela palavra forte de Jesus. É preciso unir Palavra e silêncio, para que cheguem ao mais profundo do seu ser, sempre insondável, buscando a Fonte, inundando de graça e bênção a sua vida e missão...
- Jesus afirma, solenemente, que a sua Palavra é vida e dá a vida a quem a acolhe.
- Entre os dois versículos encontramos o diálogo-confronto de “vida e de morte”, que tem como ponto de referência Abraão, de quem os judeus se dizem descendentes.
- Jesus vai respondendo indiretamente às perguntas provocatórias que lhe são feitas.
- É Deus que o leva a falar. Por isso, com verdade, pode dizer: “antes de Abraão existir, Eu sou”.
- Há uma perfeita comunhão entre o Pai e o Filho.
- Jesus, o verdadeiro descendente de Abraão, no combate que opõe a morte à vida, revela uma fé que abre para uma inesperada esperança.
- Em que a Palavra de Jesus lhe inquieta, sacode e provoca? As palavras que você pronuncia ao longo do dia estão carregadas de vida, de moções do Espírito de Deus... ou são palavras ferinas, que destilam ódio, violências, carregadas de críticas...? Você tem acolhido ou não em sua vida, em seu interior, a Palavra que é Cristo Jesus? Em que ela tem transformado a sua vida?...
- Converse com Deus... Deixe a graça de Deus “trabalhar” em você... Deixe-se iluminar pela luz que é Deus... Acolha, com abertura, as palavras do Evangelho deste dia... Reze confiante:
Senhor Jesus Cristo,
cordeiro imolado e ressuscitado,
para glória e alegria do Pai e para nossa salvação,
nós Te louvamos e bendizemos, nós Te damos graças.
Eis-nos aqui, dispostos a escutar a voz do Pai e a obedecer-Lhe,
Ajuda-nos a viver na fé e na disponibilidade confiante no Pai
e no seu projeto de amor e salvação.
Ajuda-nos a viver na fé na tua ressurreição,
a vencer permanentemente as forças da morte
e a nos alegrar, porque a tua vitória será também a nossa vitória.
Ajuda-nos a vencer a morte, encarando-a
e oferecendo-a como participação na tua morte.
Ajuda-nos a vencer tudo quanto nos pode causar tristeza,
pessimismo, desânimo, tudo quanto nos possa
nos levar a cair diante das dificuldades da vida.
Que, em todas as situações,
ressoe aos nossos ouvidos a tua palavra:
“Coragem: Eu venci o mundo” (Jo 15, 33).
Amém.
- Pergunte-se: Em que a Palavra de Deus hoje me ajuda a viver? Que respostas de vida, Ele me pede?
- Evangelho de hoje pode ser uma grande ocasião para esquecer velhas palavras desgastadas pelo uso, pronunciadas para afirmar nosso egoísmo ou para conseguir aprovações dos outros.
- É no encontro com as palavras de Jesus que temos a chance de recuperar a força e o sentido de nossas palavras, de torna-las oblativas, abertas e portadoras de vida.
- É melhor falar com palavras que estendem pontes, encurtam distâncias e entrelaçam vidas.
- Com as palavras, podemos sacudir as consciências, animar, levantar, entusiasmar...
- Com elas, também podemos desanimar, atrofiar, destruir, seduzir para fazer da vida um acontecimento sem sentido...
- A diferença, compreendemos bem:
- Então a pergunta que não quer calar: Como está sendo a sua palavra?...
- Termine sua oração com preces espontâneas e dando graças a Deus por esse momento... louve, suplique, agradeça...
- Reze a oração do Pai-Nosso, peça a Deus, fonte da palavra verdadeira, que suas palavras sejam portadoras de vida... e, a seguir, reze a oração da CF-2025:
Ó Deus, nosso Pai,
ao contemplar o trabalho de tuas mãos, viste que tudo era muito bom!
O nosso pecado, porém, feriu a beleza de tua obra,
e hoje experimentamos suas consequências.
Por Jesus, teu Filho e nosso irmão, humildemente te pedimos:
dá-nos, nesta Quaresma, a graça do sincero arrependimento
e da conversão de nossas atitudes.
Que o teu Espírito Santo reacenda em nós a consciência da missão
que de ti recebemos: cultivar e guardar a Criação,
no cuidado e no respeito à vida.
Faz de nós, ó Deus, promotores da solidariedade e da justiça.
Enquanto peregrinos, habitamos e construímos nossa Casa Comum,
na esperança de um dia sermos acolhidos na Casa que preparaste
para nós no Céu.
Amém!
- Não esqueça, registre no seu “caderno de vida” os sentimentos despertados pelo encontro de hoje com o Senhor: alegrias, conforto, resistências, medos, libertação... novos propósitos...
Pe. Marcelo Moreira Santiago