- Na primeira leitura dos Atos dos Apóstolos, vemos que a cura do coxo, aquele homem paralítico, e, sobretudo, o discurso de Pedro, provocam a reação hostil das autoridades judaicas: os sacerdotes e saduceus, os escribas e fariseus. É o grupo dos sacerdotes e saduceus que promove a prisão dos apóstolos. Aparentemente estão preocupados com os distúrbios que a ação dos apóstolos podia provocar na área do templo. Na verdade, o que eles querem combater é a fé cristã na Ressurreição de Jesus. Não podiam dizê-lo claramente, para não provocar a reação do grupo dos escribas e fariseus, que admitia a ressurreição. A prisão de Pedro e de João marca o início da primeira perseguição contra a Igreja. Mas o resultado desta perseguição é o aumento dos discípulos, o que preocupa o Sinédrio. Reunira semanas antes para julgar Jesus, cuja mensagem lhes parecia uma ameaça ao seu poder. Mas a morte de Jesus não encerrou o seu “caso”. Os seus discípulos, assumindo a função de mestres, que lhes estava reservada, continuam a anunciar a ressurreição de Jesus e muitos abraçam a fé cristã. A influência e o poder dos sacerdotes e saduceus continuavam sob ameaça. Por isso, voltam a reunir o Sinédrio. Destaca-se aqui a audácia, a coragem com que Pedro, “cheio de Espírito Santo”, denuncia, no meio do Sinédrio, o crime perpetrado pelos chefes do povo e dá testemunho da Ressurreição de Jesus. E foi em “nome de Jesus” que aquele homem foi curado, porque, só nele, há salvação.
- No Evangelho, a cena descrita por João acontece nas margens do lago de Tiberíades. Um grupo de pescadores galileus, discípulos de Jesus, depois do fracasso de uma noite de trabalho, consegue uma pesca abundante, quando lançam as redes para o lado indicado pelo desconhecido que lhes fala da praia. Depois de Jesus, Pedro e o discípulo que Jesus amava são os protagonistas da cena. Pedro é o mais esforçado na pesca; o outro discípulo é o primeiro a reconhecer Jesus. João narra depois a refeição dos discípulos com o Senhor ressuscitado. Espontaneamente somos levados a pensar na Eucaristia, que as comunidades cristãs celebravam e celebram com a absoluta convicção da presença do Senhor. O texto descreve, de forma simbólica, a missão da Igreja primitiva e o retrato das comunidades que permanecem estéreis quando estão privadas de Cristo, mas que se tornam fecundas quando obedecem à sua palavra e vivem da sua presença. Depois da pesca, Jesus convida os discípulos para uma refeição por Ele mesmo preparada: “Vinde comer” (v. 12). Nesta refeição, figura da eucaristia, Jesus ressuscitado oferece, Ele mesmo, de comer. A sua misteriosa presença provoca nos discípulos aquela espécie de calafrio típico das teofanias, ou seja, das manifestações de Deus. A conclusão do evangelista é um convite à comunidade eclesial de todos os tempos, e assim a todos nós, a que encontre o sentido da sua vocação centrando-se em Jesus como Senhor da vida, porque é na dupla mesa da Palavra e da Eucaristia que a Igreja torna frutuosa a sua ação no meio dos homens e das mulheres, a sua missão de Evangelizar.
- Trago em mim a coragem de Pedro em dar testemunho de Jesus, mesmo em meio às adversidades e provações da vida? Sou obediente à voz de Deus, à sua Palavra de vida, de verdade e de salvação? Sou assíduo à Eucaristia, alimentando a minha fé na comunidade cristã com os sacramentos, especialmente com a Eucaristia? Como tenho vivido a minha fé? ...
Senhor,
livra-me de todo medo e de toda incredulidade.
Tu és o alfa e o ómega, o princípio e o fim de todas as coisas.
Diante de Ti, sinto-me pequeno,
como os apóstolos no Monte da Transfiguração.
A tua humildade de Deus feito homem
confunde-me tanto quanto a tua grandeza
que, todavia, não só torna possível o diálogo Contigo,
mas o oferece a todos.
Faz de mim, instrumento do teu amor
e da tua misericórdia.
Amém.
Pe. Marcelo Moreira Santiago